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Petrobras: especialistas não veem mudança na gestão  

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Em comunicado enviado na tarde desta sexta-feira (6), o Conselho de Administração da Petrobras confirmou os nomes de Aldemir Bendine, como novo presidente da empresa, e Ivan de Souza Monteiro, como diretor financeiro e de relacionamento com Investidores. Outros quatro diretores foram substituídos interinamente por funcionários da própria casa, com carreira de mais de 30 anos na empresa.  A nomeação trouxe certa agitação nas negociações de hoje, principalmente, para aqueles que esperavam alguém com um nome mais forte no mercado ou ligado à indústria do petróleo.

Para Jairo Saddi, diretor do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp), o ideal para o nome do número um da Petrobras seria alguém ligado ao negócio do petróleo. “O melhor seria alguém com crédito internacional dentro dessa indústria, que é muito específica, ainda mais nessa fase em que a Petrobras está passando por um momento difícil internacionalmente”.

Apesar das ressalvas, Saddi se mostra otimista em relação à escolha de Ivan de Souza Monteiro. “O Conselho acertou no nome diretor financeiro, mas a nomeação do presidente poderia vir do mercado, como se esperava”, opina.

Rodrigo Matheus, também diretor do Iasp, advogado e mestre em Direito Público, destaca que as indicações da Petrobras demonstram um esforço da empresa para passar a mensagem de reestruturação da administração técnica e recuperação da confiança. Segundo ele, nesse período em que a Petrobras passa por dificuldades, a reorganização do quadro da empresa mostra uma tentativa de “recuperação de credibilidade”.

No entanto, para o advogado, as escolhas dos principais nomes da Petrobras demonstram que o maior problema dentro da empresa é a parte econômica e financeira. “A empresa perdeu dois terços de seu valor nesse período, além das ações terem caído de forma espantosa. Essa queda na maior empresa do país acaba impactando o mercado financeiro. A solução que o conselho enxergou foi nomear alguém da área financeira, que desse novo fôlego a empresa e que permita que a Petrobras possa cuidar daquilo que lhe é peculiar, o negócio do petróleo”, afirma.

Já para Reginaldo Nogueira, professor do Ibmec em Minas Gerais e doutor em Economia, a indicação de Bendine não resolve o problema e nem melhora a imagem da Petrobras.  “O governo mostrou que queria indicar um nome forte de mercado, que poderia dar uma guinada na gestão e na questão da transparência com as perdas da Petrobras. Ficou a impressão que a indicação seria de alguém técnico, alguém que tivesse um nome com respaldo do mercado, mas a indicação acabou indo para alguém que tem envolvimento direto com a política”, afirma.

Segundo o professor, muitos nomes ligados ao setor privado e que agradariam mais o mercado foram mencionados, como o ex-presidente da Vale, Roger Agnelli, e Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, para “oxigenar” a opinião do mercado em relação à Petrobras. “Criou-se uma expectativa que não foi concretizada, e o nome do Bendine já esteve envolvido em questões que pressionaram o Banco do Brasil. Ele agora assume a Petrobras, que vai sofrer uma pressão maior ainda. A impressão que dá é que muita gente foi convidada para assumir a presidência e acabou não aceitando. Fica uma impressão ruim”, concluiu.

Samy Dana, professor da Escola de Administração de Empresa da FGV de São Paulo, acredita que as novas nomeações não trouxeram uma grande mudança à Petrobras e que a empresa terá, agora, um desafio em reformular a credibilidade entre os investidores e a população. “O mercado não reagiu bem aos novos nomes, inicialmente. São executivos que vieram do setor publico, do Banco do Brasil, que tem uma estrutura parecida com a Petrobras atualmente, e está longe de ser do setor privado. A indicação em si não convence, até porque o Banco do Brasil também já se envolveu em várias denúncias. O Conselho da Petrobras ainda vai ter que trabalhar muito para recuperar a credibilidade”, conclui.

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 *Do programa de estágios do JB