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Seca e falta de água foram previstos em relatório da ONU

Mudanças climáticas geraram problemas no Brasil e em outros países do mundo nos últimos anos

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Notícias da estiagem na Região Sudeste do Brasil impressionam por causa dos dados cada vez mais alarmantes sobre a escassez de água. Apesar da situação parecer mais grave para os paulistanos, outros estados da região começam a sentir na pele os mesmos problemas pelos quais passam os habitantes das cidades do estado de São Paulo.

No Rio, o secretário de Ambiente, André Corrêa, admitiu, na sexta-feira, que pode haver racionamento de água. No entanto, o governador Luiz Fernando Pezão descartou a medida e o possível aumento de tarifa no estado e fez um apelo para que os moradores passem a economizar.

Em Minas Gerais, o Centro do estado passa pelo janeiro mais quente desde 1910. Algumas cidades estão à beira do colapso, por causa da falta de água e 63 cidades do estado já estão fazendo racionamento ou usando o modelo de rodízio de água. A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) admitiu “o elevado nível de criticidade” da água no estado e emitiu comunicado pedindo que a população e as empresas economizem cerca de 30% no consumo de água.

>> Pezão descarta racionamento de água e aumento de tarifa no Rio de Janeiro

>> Comerciantes de São Paulo sofrem com falta d'água e reclamam de pouca informação

Situações como essas são cada vez mais comuns no mundo. No ano passado, alguns países da da América Latina passaram por períodos de seca e mudanças climáticas que afetaram a produção agrícola da região. Na época, a ONG alemã Germanwatch, que avalia os países mais frágeis quanto a essa questão, situou Honduras, Haiti e Nicarágua, respectivamente, como os países que mais sofreram com mudanças climáticas e períodos de seca, durante o ano de 2014.

Em 2011, a região conhecida como “Chifre da África”, no leste do continente, sofreu com a pior seca dos últimos 60 anos. Em dois anos, o nível de chuvas no local estava abaixo do necessário. Lavouras inteiras foram perdidas, enquanto o gado morreu de fome e sede.

Na época, a Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a afirmar que os países do “Chifre da África” não viviam uma situação de fome, mas sim uma emergência humanitária que piorava rapidamente.

Relatório do IPCC prevê que impactos mais graves no clima virão de secas e cheias

Lançado no Japão, em novembro do ano passado, o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), apontou que um dos principais efeitos das mudanças climáticas no país seriam as secas persistentes, em algumas regiões, e cheias recordes, em outras. Tudo isso, segundo o relatório, é resultado das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, que aumentaram em 2ºC a temperatura do planeta, até 2100.

Apesar do “prazo”, a situação alarmante já começa a se refletir principalmente nos países da América Latina, mesmo sendo os que menos emitem gases de efeito estufa. No Brasil, cada região está sendo afetada de forma diferente, devido a sua extensão territorial. O relatório enumera ainda que os resultados das mudanças no ecossistema, devido ao aumento de temperatura, afetam a geração de energia, a agricultura e até mesmo a saúde da população.

Na época do lançamento do relatório, em novembro do ano passado, o professor da USP Marcos Buckeridge, que foi um dos autores do relatório do IPCC, afirmou que os principais problemas brasileiros vão decorrer da falta de água. Onde houver problemas com a água, outras questões serão geradas a partir daí.

Um dos exemplos apontados pelo relatório, foi a alteração nos padrões de chuva na Amazônia, quando a cheia do rio Madeira atingiu 25 m, o nível mais alto da história e afetou cerca de 60 mil pessoas.

No Nordeste, o ano de secas sucessivas, por causa das mudanças climáticas, preocupou os especialistas envolvidos na elaboração do relatório. Segundo eles os períodos de seca podem se intensificar e, uma das maiores preocupações apontadas, é que o semi-árido nordestino se torne árido permanentemente.

Além da listagem de riscos, o relatório tentou apresentar soluções para os problemas que parecem estar mais próximos do que se imagina. Algumas soluções seriam a diminuição do uso de combustíveis fosseis e investimentos do governo em fontes de energia renovável, além de investimentos em transportes públicos modais nas cidades.