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Governo prevê seca nas represas paulistas em cinco meses

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O governo federal traçou cenários pessimistas em relação à crise hídrica do estado de São Paulo. Em reunião realizada nesta-sexta no Palácio do Planalto, foi estimada a possibilidade de as represas de São Paulo secarem em até cinco meses, caso não se confirme a previsão de chuvas e estimativas mais drásticas não forem tomadas pelo Estado. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Um segundo cenário, menos pessimista, projetou um colapso nos reservatórios em setembro. O encontro definiu que o governo Dilma Rousseff (PT) vai acelerar a obra de transposição das águas da bacia do rio Paraíba do Sul para o sistema Cantareira, já que a situação de São Paulo é mais grave do que a das hidrelétricas.

Orçada em R$ 830,5 milhões, a transposição foi apresentada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) em dezembro e deve ser concluída somente em 2016. A reunião no Planalto contou com a presença dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Eduardo Braga (Minas e Energia).

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A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que também participou do encontro, considera “sensível” e “preocupante” o cenário de abastecimento de água no país. Apesar da perspectiva de chuva para os próximos dez dias na região, o diagnóstico é de que nunca se viu nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (região metropolitana de Belo Horizonte) uma seca tão grande nos últimos 84 anos, disse.

Como resposta à situação, o governo prometeu fazer mais parcerias com os estados e criar uma campanha de conscientização para que a população passe a poupar água. Izabella Teixeira defendeu o acompanhamento da crise até o fim do período de chuvas, mas adiantou que o Ministério do Meio Ambiente vai criar uma ação mais “incisiva”, pedindo a colaboração das pessoas.

Ela disse que a reunião é feita semanalmente pelos técnicos do governo, e ontem foi ampliada, com a participação de representantes de sete ministérios, para nivelar a informação do que “está acontecendo”. 

“Ano passado estávamos operando abaixo da mínima histórica. Agora nós estamos operando abaixo do ano passado. Está tendo uma vazão afluente muito aquém do que já foi registrado numa série histórica desde 1930”, informou Izabella Teixeira. 

Das análises, foi possível prever um cenário de chuvas nos próximos dias. Existe, segundo ela, “uma sinalização de perspectiva de chuvas", mas, obviamente, tem que ver se isso vai acontecer de fato, qual o volume de água armazenado, e se isso pode melhorar ou não os níveis de abastecimento.

Esse monitoramento dos dados vai continuar, disse ela. O governo também vai apoiar estados e municípios, e acompanhar as demandas deles, já que o abastecimento da população não é competência do governo federal. Segundo Izabella, as parcerias dependem do que os estados vão apresentar como medidas emergenciais e de caráter estruturantes.

“Estamos apoiando o financiamento. Pode ter medidas emergenciais, por exemplo, como mudança de pontos de captação [de água] em rios para poder assegurar o abastecimento em municípios que captam diretamente, e isso requer financiamento de curto prazo muitas vezes. O governo poderá apoiar neste sentido”, acrescentou.

Além de dizer que o governo não vai medir esforços para auxiliar os projetos a serem apresentados pelos governadores e prefeitos, Izabella ressalvou que uma campanha sobre o uso correto da água está em discussão na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

“Viremos, sim, com informação, pedindo apoio da população. O Ministério do Meio Ambiente entrará com a proposta de trabalhar cada vez mais de racionalização do uso da água e Informações ao cidadão brasileiro”, concluiu.