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Empresário da Mendes Júnior confirma pagamento de propina a doleiro

Diretor da Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, também confirmou pagamento de propina

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O empresário Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da empreiteira Mendes Júnior, confirmou hoje (18) em depoimento à Polícia Federal o pagamento de propina ao doleiro Alberto Youssef. A informação é do advogado da empresa Marcelo Leonardo. Nesta tarde, mais investigados ligados à empreiteira também prestaram depoimento na investigação da Operação Lava Jato. 

Segundo o advogado, Mendes relatou aos delegados da PF que foi obrigado a pagar propina de R$ 8 milhões ao doleiro Alberto Youssef. Segundo ele, Youssef exigiu o pagamento da quantia para que a Mendes Júnior recebesse os valores a que tinha direito em contratos de serviços licitamente prestados e para continuar participando das licitações da Petrobras. De acordo com a defesa, foram feitos quatro pagamentos seguidos, de julho a setembro de 2011. 

A defesa de Youssef disse que não vai comentar o depoimento. A PF prossegue nesta terça-feira com a tomada de depoimentos dos 24 presos na operação. As oitivas começaram no último sábado (15), um dia após as prisões da sétima fase da Operação Lava Jato.

O diretor da área de óleo e gás da Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, também confirmou ter pagado propinas ao esquema da Petrobras, mas disse ter sido ameaçado pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef.

Erton prestou depoimento à Polícia Federal, na tarde de segunda-feira (17), em Curitiba. Ele disse que o dinheiro foi repassado ao Partido Progressista (PP), mas ressaltou que só aceitou o esquema porque foi extorquido. O diretor afirmou que Costa e Youssef ameaçaram prejudicar os contratos da Galvão com a Petrobras em andamento, caso ele não pagasse. Além disso, ele se dispôs a fazer uma acareação com o ex-diretor e com o doleiro.

Fonseca afirmou ainda que já havia sido procurado pelo deputado José Janene (PP-PR), em 2010. Com a morte de Janene, Costa e Youssef passaram a fazer os contatos em nome do partido.

Apesar de reconhecer os pagamentos, o diretor da Galvão negou a existência de um cartel formado pelas empreiteiras, como foi denunciado por Paulo Roberto Costa, e disse também que não fez pagamentos para ganhar contratos, mas apenas para garantir os recebimentos de obras já concluídas.

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Os últimos depoimentos estão sendo colhidos nesta terça-feira (18), quando expira o prazo das prisões temporárias. Devem ser ouvidos ao longo do dia os executivos Ednaldo Alves da Silva, Ricardo Ribeiro Pessoa e Walmir Pinheiro Santana, da UTC, e Dalton Santos Avancini e João Ricardo Auler, da Camargo Corrêa. Do total de executivos presos, seis estão sob regime de prisão preventiva – incluindo Erton Fonseca – e 17 sob regime de prisão temporária.

Até o momento, pelo menos 15 depoimentos foram concluídos, sendo que o discurso predominante foi o da negação. O ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque foi mais um dos que adotou essa tática, afirmando que desconhecia o esquema e que não tem informações para dar sobre o assunto.

No entanto, o ex-gerente geral da Diretoria de Engenharia e Serviços da Petrobras Pedro Barusco, que atuou na gestão de Renato Duque, está colaborando com a justiça e já disse ter recebido grandes montantes em contas fora do país por conta do esquema. De acordo com os investigadores, o total recebido por Barusco chega a cerca de US$ 100 milhões, sendo que US$ 20 milhões já foram bloqueados em contas na Suíça.