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Ex-contadora aponta envolvimento de ex-ministro em negócios de Youssef

Poza afirma que guardou contrato que seria usado para chantagear o PT

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Em depoimento na CPMI da Petrobras, a ex-contadora de Alberto Youssef, Meire Poza, afirmou que o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte mantinha contatos com o doleiro. “Eu tive contato também com o Mário Negromonte, ex-ministro das Cidades. Quando o Alberto (Youssef) deu de presente o restaurante para a namorada, sempre íamos lá para prestigiar”, disse Poza.

Ela afirmou isso ao responder os parlamentares sobre quais outros deputados, além de Luiz Argôlo (SD-BA) e André Vargas (PT-PR), tinham relação com o doleiro. Meire Poza também disse que Adarico Negromonte, irmão do ex-ministro, era uma das pessoas que andava com malas de dinheiro que seriam de lavagem do grupo de Youssef.

Meire Poza também reconheceu que emitiu R$ 7 milhões em notas fiscais frias enquanto trabalhou com o doleiro, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. “Emiti R$ 7 milhões em notas frias. Tenho uma empresa de contabilidade e a exceção foram essas notas”, afirmou.

O líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), disse que irá pedir a quebra de sigilos bancário e fiscal da contadora, por ela ser parte do esquema comandado por Youssef. “Estamos com uma fornecedora de nota fria. Se é ré confessa de R$ 7 milhões de nota fria, não pode ser tratada como colaboradora”, afirmou. Cunha defende que ela seja reconvocada como investigada.

Já o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), disse que Meire Poza não poderia ser intimidada na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras e que o depoimento dela é muito importante para esclarecer os desvios de dinheiro na estatal.

Poza afirma que guardou contrato que seria usado para chantagear o PT

Meire Poza também afirmou que Enivaldo Quadrado, sócio da corretora Bônus Banval e que seria participante do esquema do doleiro Alberto Youssef, pediu a ela que guardasse um contrato que teria sido usado por ele para chantagear o PT. Quadrado foi condenado no processo do mensalão e cumpre pena alternativa.

“O Enivaldo pediu para eu guardar o contrato. Só soube do teor depois”, afirmou a contadora. Segundo a revista Veja, o contrato de Quadrado teria informação sobre envolvimento de membros do partido com o desvio de R$ 6 milhões da Petrobras.

A contadora disse que buscou, ao longo de três meses, ajuda do diretor do site Opera Mundi, Breno Altman, para ajudar a pagar a multa de R$ 45 mil de Quadrado no processo do mensalão. Em valores atuais, a multa devida seria de cerca de R$ 232 mil.

Segundo Meire, ela foi na casa do jornalista em São Paulo, a pedido de Enivaldo, em maio, junho e julho deste ano. “Em agosto eu não fui porque o Enivaldo passou a receber direto. Era sempre no último dia do mês, o senhor Breno avisava. Ele entregava no portão (de casa), primeiro em pasta, depois em envelope”.

Youssef receberia R$ 25 milhões do Postalis para sanar dívidas

Meire disse ainda que o doleiro Alberto Youssef já teria acertado R$ 25 milhões da “ponta do PT” para saldar dívidas de uma empresa dele, a operadora de turismo Marsans. O dinheiro viria do Postalis, o fundo de pensão dos Correios, por meio de acordo entre PT e PMDB.

“A pessoa do Postalis [fundo de pensão dos Correios] nomeada pelo PT já havia resolvido e faltava a ponta do PMDB”, disse a contadora. Ela disse que a afirmação de Youssef foi feita em março deste ano, pouco antes de ser preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal (PF).

Poza reafirmou o que teria dito à PF, em depoimento, de que Youssef teria vindo a Brasília para negociar com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-PB). “A ponta do PT já estava acertada e faltava acertar a ponta do PMDB para a Postalis fazer o acerto de R$ 25 milhões”.

A empresa de Poza também intermediou o empréstimo de R$ 4 milhões de Youssef com o banco Stock Máxima para pagar salários atrasados de funcionários da Marsans. “Os R$ 4 milhões eram algo urgente”, disse Poza. Segundo ela, nem a operadora de turismo pagou o que devia a Poza nem ela quitou a dívida com o banco. A contadora também declarou que não foi acionada pelo banco para quitar suas dívidas.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decretou em 16 de setembro a falência do Grupo Marsans, operadora de turismo que fechou as portas em junho e deixou cerca de 4.500 clientes na mão. A decisão foi tomada porque a empresa não apresentou o plano de recuperação judicial no prazo previsto. As dívidas da companhia estão estimadas em R$ 57 milhões.


Com Agência Câmara