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Brasil lidera ranking de violência contra professores

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Pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgada nesta quinta-feira revela que o Brasil lidera o ranking de violência em escolas. O estudo mundial foi feito com mais de 100 mil professores e diretores de escolas do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos). Na enquete, 12,5% dos professores ouvidos no Brasil disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana.

Foi o índice mais alto entre os 34 países pesquisados - a média entre eles é de 3,4%. Depois do Brasil, vem a Estônia, com 11%, e a Austrália com 9,7%. Na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o índice é zero.

O estudo internacional sobre professores, ensino e aprendizagem também revelou que apenas um em cada dez professores (12,6%) no Brasil acredita que a profissão é valorizada pela sociedade; a média global é de 31%.

O Brasil está entre os dez últimos da lista nesse quesito, que mede a percepção que o professor tem da valorização de sua profissão. O lanterna é a Eslováquia, com 3,9%. Em seguida, estão a França e a Suécia, onde só 4,9% dos professores acham que são devidamente apreciados pela sociedade.

Já na Malásia, quase 84% (83,8%) dos professores acham que a profissão é valorizada. Na sequência vêm Cingapura, com 67,6% e a Coréia do Sul, com 66,5%.

A pesquisa ainda indica que, apesar dos problemas, a grande maioria dos professores no mundo se diz satisfeita com o trabalho.

A conclusão da pesquisa é de que os professores gostam de seu trabalho, mas "não se sentem apoiados e reconhecidos pela instituição escolar e se veem desconsiderados pela sociedade em geral", diz a OCDE.

Para a professora Vera do Egito, "a falta de respeito existe dentro de sala porque nossa classe não é valorizada como deveria. Nosso direito à greve é violado. Eu já escutei de alunos meus: 'eu vou ganhar mais que você na boca de fumo. Os colegas estão sendo retaliados". Ela conta que nunca sofreu agressão física, mas tem colegas que já sofreram e também já ouviu histórias de agressão dentro das escolas. 

A professora da rede estadual do Rio de Janeiro acredita que a classe precisa "ser valorizada e respeitada para que isso possa refletir em sala". Perguntada sobre a solução para esse problema, Vera responde: "além da valorização por parte do governo, precisamos de uma gestão democrática dentro das escolas, que nos permita realizar um trabalho diferenciado, se adequando às necessidades das escolas, das comunidades e dos bairros".

Discrepância salarial

No Brasil, segundo dados do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDEs) da Presidência da República, divulgados em junho deste ano, a remuneração média dos professores é de pouco menos de R$ 1,9 mil por mês.

Já a média salarial dos professores nos países da OCDE, levando em conta o poder de compra em cada país, é de US$ 30 mil (cerca de R$ 68,2 mil) por ano, o equivalente a R$ 5,7 mil por mês, o triplo do que é pago no Brasil.

A organização ressalta que houve avanços na educação brasileira nos últimos anos. Os investimentos no setor, de 5,9% do PIB no Brasil, estão próximos da média dos países da OCDE (6,1%), que reúne várias economias ricas.

Outro indicador considerado importante pela OCDE, o percentual de jovens entre 15 e 19 anos que estudam, é de 77% no Brasil. A média da OCDE é de 84%.