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El País: Com morte de Eduardo Campos, eleições podem ir para o segundo turno

Análise levanta a hipótese de Marina  sair como nova candidata nas eleições presidenciais

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Em artigo publicado pelo jornal espanhol El País nesta quinta-feira (14), o jornalista Juan Arias faz uma análise sobre a influência da morte do candidato a presidência pelo PSB, Eduardo Campos, nas eleições brasileiras desse ano.  “A dramática morte acabará, inevitavelmente, revolucionando as já difíceis eleições presidenciais em cinco de outubro”, destaca.

Além dessa análise, um dos pontos levantados pelo artigo é a possibilidade de sua vice, Marina Silva, tomar seu lugar nas eleições o que tornaria a campanha da presidente Dilma Roussef, candidata a reeleição pelo PT, mais acirrada e com um possível segundo turno.

O jornal destaca que Campos aparecia com 9% das intenções de voto, o que lhe dava o terceiro lugar na corrida presidencial. Contudo, o candidato contava também com a força política de sua candidata a vice-presidência Marina Silva. Segundo o El País, “durante as eleições de 2010, quando a presidente Dilma Roussef se elegeu, os 20 milhões de votos de Marina Silva levaram a disputa presidencial para o segundo turno.

Nas eleições deste ano, Marina não pode se candidatar. Seu partido, o Rede Sustentabilidade, não conseguiu as cerca de meio milhão de adesões populares necessárias. Como resultado disso, Marina Silva acabou se aliando com o PSB de Eduardo Campos.

O El País destaca que “toda a atenção política se volta agora para a decisão que o PSB tem que tomar nos próximos dias para nomear um novo candidato”. Segundo o jornal espanhol, ainda não há notícias oficiais sobre o caso, mas analistas políticos deixaram a entender que o mais provável é que a candidata agora seja Marina Silva. O El País destaca que a candidata “Não é uma vice burocrática, mas uma candidata com peso político e personalidade”.

Por isso, o jornal levanta a hipótese de que pode ser difícil para que Dilma ganhe as eleições no primeiro turno, “uma vez que não só a política, mas também o peso emocional existente no eleitorado brasileiro pode ser um fator a favor da nova candidata”.

Se até agora as pesquisas colocaram o ex-governador de Pernambuco como terceiro na corrida presidencial,  é porque, segundo o El País, os antigos apoiadores de Marina, especialmente aqueles da classe mais baixa “não entendiam o por que de ela não ser candidata e sim vice”.

O El País destaca Campos como um “político conciliador” e que sua morte foi uma grande perda para a política e para a sociedade brasileira, independente de sua posição na corrida eleitoral. Segundo o jornal, “como socialista, foi considerado uma das figuras mais dignas e preparadas da classe política, por seu rigor ético e por ter conseguido um grande apoio popular durante se governo em Pernambuco”.

O El País afirma que Campos, ultimamente, havia se tornado “um espinho” para o, então presidente, Lula. Campos havia sido ministro e amigo pessoal do ex-presidente, durante seu governo. Segundo o jornal ,“Lula fez todo o possível para evitar, até o fim, que Campos fosse lançado como candidato para disputar as eleições por outro partido, conta o PT”.

O artigo destaca ainda a entrevista dada por Eduardo Campos ao Jornal Nacional, da TV Globo, horas antes de morrer. “Campos reivindicou o direito democrático de competir nas eleições presidenciáveis. E disse estar convencido de que o atual governo seria o primeiro a deixar ‘o Brasil pior do que recebeu’”.

Dos dados sobre a morte de Eduardo Campos, que impressionaram a opinião pública: a coincidência da data, 13 de agosto, considerada um mau agouro para os brasileiros. E também o fato da morte ter acontecido 9 anos após a morte de Miguel Arraes, avô de Campos e uma das figuras mais importantes do socialismo no Brasil, além disso o fato de que Marina Silva deveria ter voltado no mesmo vôo, mas que decidiu, de última hora, pegar o avião.

Segundo o El País, uma morte, como a de Campos, carregada de simbolismos e presságios, não deixaram de ter repercussões entre o eleitorado de 40 milhões de evangélicos brasileiros.  Marina, sendo uma possível substituta, militou durante um tempo pelo catolicismo, mas passou a participar dos cultos de uma das denominações evangélicas, todas muito ativas politicamente no Brasil.