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PF prende no Brasil torturador argentino ligado à Triple A 

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A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira Salvador Siciliano, 74 anos, acusado de sequestro, cárcere privado, tortura e homicídio durante o regime militar na Argentina. Ele era procurado pelas autoridades do país vizinho desde maio deste ano, quando foi expedido um mandado de prisão e seu nome foi colocado na lista de difusão vermelha da Interpol.

Salvador Siciliano foi localizado em sua casa na cidade de Arujá, a cerca de meia hora de distância de São Paulo. Portando documentos verdadeiros, ele estava acompanhado da mulher dos filhos e não ofereceu qualquer resistência. Ele foi encaminhado para depor na superintendência da Polícia Federal em São Paulo e ficará preso até que o governo argentino encaminhe o pedido de extradição, que deverá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Aldo Alvarez, comissário da polícia federal argentina, Salvador Siciliano pertencia ao grupo de extrema-direita Triple A (Aliança Anticomunista Argentina), fundada por José López Rega, que na época era secretário privado do ex-presidente Juan Domingo Perón durante seu exílio em Madri, e depois se tornou homem forte do último governo do general e do gabinete de sua esposa e sucessora, María Estela Martínez, a Isabelita

A organização atuou como um grupo paramilitar durante o último governo de Perón, que morreu em 1974 enquanto estava no cargo e foi substituído por Isabelita, que acabou sendo derrubada pelos militares em 1976. Segundo uma causa aberta na justiça argentina, a Triple A foi responsável por cerca de 700 assassinatos ocorridos entre 1973 e 1976.

“Oficialmente, não existiam forças públicas, então essas organizações eram contratadas para realizar o chamado trabalho sujo. Eles perseguiam partidários do governo peronista e intensificaram os sequestros, torturas e mortes depois do golpe de 1976”, acrescentou Alvarez.

Apesar de serem atribuídas a Salvador Siciliano a morte de pelo menos três pessoas, a justiça só emitiu o mandado de prisão em maio porque as investigações sobre as ações de grupos de extermínio durante a ditadura argentina andam arrastadas. Segundo Aldo Alvarez, há muitos casos sob investigação, o que dificulta a identificação dos acusados. A partir da prisão de Salvador Siciliano, o governo argentino tem 90 dias para formalizar o pedido de extradição, que será analisado pelo ministro Ricardo Lewandowski, do STF.