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Movimentos sindicais comentam xingamentos e vaias a Dilma

Representantes do MST, MSTS, CUT e Força Sindical condenaram o episódio

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As vaias e xingamentos da elite, dirigidos à presidente Dilma Rousseff durante a estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, nesta quinta-feira (12/6), foram reprovados pelos movimentos sindicais brasileiros. O Jornal do Brasil conversou com representantes desses grupos para saber a sua opinião sobre a postura dos espectadores da partida entre Brasil e Croácia. Setenta por cento das pessoas que estavam na Arena Corinthians eram homens que patrocinam o evento.  

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O Jornal do Brasil conversou com representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Força Sindical. Após o episódio, Dilma declarou: “Não vou me deixar perturbar por agressões verbais. Não vou me deixar atemorizar por xingamentos que não podem sequer ser escutados pelas crianças e pelas famílias”.

O MST disse em uma nota que “Isso [as vaias e xingamentos à presidente] apenas representa a falta de educação da elite brasileira e sua intolerância com a democracia. Além do mais, é mais um reflexo dessa mesma elite em não admitir um mínimo de melhora social e econômica que o povo brasileiro conquistou nos últimos anos”.

Para José Garcia Lima, dirigente da CUT-Rio, o episódio também teve um fundo eleitoral. “Desde 2006 tem uma campanha ácida que vem gerando um desalento na sociedade brasileira. Grande parte da mídia tradicional prega que o PT é uma porcaria, que o Brasil vai acabar se a Dilma for reeleita e que o Lula acabou com o Brasil. Esse desalento vem se traduzindo em uma falta de educação e uma agressividade tremendas. Quando essa mesma mídia tradicional aplaudiu essa intolerância, foi um sinal de que a civilidade não estava mais em pauta. O que aconteceu durante o jogo foi uma demonstração de falta de educação no mínimo absurda. Eu estou morrendo de vergonha; não desses sujeitos mau educados e alienados, mas de como o mundo vai olhar para isso. Que país é esse que se permite dirigir a qualquer pessoa, a qualquer mulher e à sua própria naqueles termos? É uma barbaridade isso. Fatos como esse só tornam mais remota a chance de 'Eduardinho' e 'Aecinhos' conseguirem o que querem. Está ficando claro para a sociedade que o objetivo não é mais ofender a Dilma, mas sim ganhar a eleição”, declarou.

O MTST também mostrou indignação com os xingamentos proferidos contra a Presidente. "Achamos lamentável este episódio. Expressa, dentre outras coisas, o atraso político e o reacionarismo da elite brasileira, que apesar de todas as políticas do governo petista em seu favor, ainda guarda esse ranço e atraso. Mesmo quando ganham muito não aceitam perder nada, nem em termos de status. É a turma que reclama porque o aeroporto virou rodoviária. Mas, por outro lado, cada um colhe o que planta. Foi o PT que aceitou e bancou fazer esta copa para a elite, com estádios higienistas e ingressos absurdos", disse em nota emitida pela sua assessoria de comunicação. 

Para o presidente da Força Sindical do Rio de Janeiro, Francisco Dal Prá, "não foi o momento apropriado para protestar. O povo tem que protestar nas urnas e não denegrindo a imagem da maior autoridade do país publicamente". Dal Prá disse: "Aquelas pessoas demonstraram o seu descontentamento, mas não podemos esquecer que estamos sediando um evento internacional e que os olhos estão voltados para nós. A reação dos brasileiros pode ter sido um tributo que a presidente pagou por não enfrentar e fazer seu discurso, como se espera. Mas é preciso lembrar que a presidente Filma não tomou o poder, ela foi eleita pelo povo".