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Protestos por moradia não são "fetiche com a Copa", diz MTST 

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Representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) afirmaram nesta quinta-feira, em São Paulo, não ter “nenhum fetiche com a Copa do Mundo” nos atos por moradia que, só hoje, arregimentaram, segundo os organizadores, cerca de 6 mil pessoas na capital paulista.

Mesmo assim, a promessa é a de que, até o Mundial, atos como os que bloquearam vias como as marginais Tietê e Pinheiros hoje cedo ganhem força com a adesão de outros movimentos sociais com os quais o MTST tem dialogado –entre os quais, o Passe Livre, que, ano passado, levou centenas de milhares de manifestantes às ruas pela redução das tarifas do transporte coletivo.

A afirmação das lideranças em relação à Copa foi feita em entrevista coletiva nesta tarde. Na ocasião, eles buscaram afastar a hipótese de que os sem teto queiram, de alguma maneira, impedir a realização dos jogos até que não sejam atendidos. Em menos de 30 dias, por exemplo, São Paulo sediará a abertura do Mundial, no dia 12 de junho, na Arena Corinthians – um dos seis pontos onde houve manifestações pela manhã.

"Não é ultimato a Dilma", dizem lideranças

O movimento também negou que as ações de mais cedo – que ocorreram, ainda que em menor volume, também nas cidades de Belém e Brasília – tenham sido uma espécie de ultimato à presidente Dilma Rousseff, com quem as lideranças se reuniram há uma semana, em São Paulo, após uma manhã de manifestações e ocupações de empreiteiras com obras ligadas à Copa.

“Não temos nenhum fetiche em relação à Copa, no sentido de tentar impedi-la. Nossa pauta é muito bem definida e não depende só do governo, mas da resposta de todas as esferas de governo”, afirmou Guilherme Boulos, da coordenação nacional do MTST.

Na pauta de reivindicações apresentada a Dilma, semana passada, estão pedidos de alterações no Minha Casa, Minha Vida, a fim de que o programa contemple mais as famílias com rendimento de zero a três salários mínimos, além da formação de uma comissão nacional de prevenção de conflitos e despejos.

Outro pedido, e que abrange os governos estadual e municipal, é pela desapropriação de um terreno invadido há menos de um mês por cerca de 3 mil famílias nas proximidades da Arena Corinthians - na ocupação batizada de "Copa do Povo". Dia 23 haverá uma audiência judicial para tentar resolver o conflito.

“Precisamos também de uma nova Lei do Inquilinato no país. O aumento nos preços do aluguel está insuportável, e o Estado não faz nada para regulá-lo. São aumentos que superam em quatro, cinco vezes a inflação, o que faz com que as famílias sejam levadas a ocupar áreas”, destacou a liderança. “Mas não fazemos ultimato a quem quer que seja, ainda mais à presidente da República. Queremos que a pauta seja atendida, e enquanto estivermos nas ruas, será natural que isso seja defendido”, afirmou.

Acordo verbal com a Gaviões evitou dano a arena

Tanto Boulos quanto Jussara Basso e Josué Rocha, outros dois nomes da comissão nacional do movimento, admitiram ter feito uma espécie de acordo verbal com representantes da torcida organizada Gaviões da Fiel para que não houvesse, hoje, atos muito próximos à nova arena, tampouco qualquer tipo de depredação do patrimônio.

“O contato houve no sentido de deixar claro que nosso intuito não era a depredação. Achamos que a Gaviões entendeu e respeitou, assim como o movimento evitou chegar perto da arena –ficamos a 100 metros dele”, destacou Boulos.

Déficit habitacional é de 7 mi de moradias, diz movimento

Pelos números do MTST, o país tem hoje um déficit habitacional de aproximadamente 7 milhões de moradias. Os mais de R$ 30 bilhões que eles calculam que serão ou estão sendo gastos pelos governos com a Copa seriam suficientes, estima o movimento, para a construção de 1 milhão de habitações.

O próximo ato, que promete aglomerar mais movimentos sociais, está marcado para o próximo dia 22. Neste, porém, o MTST deverá divulgar locais de saída e chegada dos manifestantes –o que não foi feito nos atos de hoje a fim de evitar bloqueios por parte da Polícia Militar.