ASSINE
search button

Mensalão: Gilmar Mendes acha que MPF deve investigar doações para multas

Para ministro, há indícios de "lavagem de dinheiro"

Compartilhar

Brasília - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou, nesta terça-feira (4/2), que o Ministério Público Federal deve investigar se não está havendo lavagem de dinheiro por trás das doações feitas, pela internet, para o pagamento das altas quantias referentes às multas às quais foram também condenados, na ação penal do  mensalão, o ex-deputado José Genoino (PT-SP) e o ex-tesoureiro do PT  Delúbio Soares.

Abordado por repórteres, pouco antes do início das sessões das turmas do STF, o ex-presidente do tribunal não se fez de rogado, e comentou:

"Eu acho que está tudo muito esquisito. Se a gente aprende a ler sinais vai ver que está muito esquisito. Coleta de dinheiro, com grandes facilidades. Vocês acompanharam o julgamento, o julgamento foi claro, inclusive quanto à participação de pessoas insuspeitas, e vocês viram o resultado".

Os chamados militantes do PT levantaram cerca de R$ 1 milhão para o pagamento da multa-pena de Delúbio Soares e R$ 700 mil em prol de José Genoino. A ideia é que o restante do arrecadado seja destinado ao pagamento da pena-multa de José Dirceu, que chega a R$ 971.128,92.

"Estranhíssimo"

Na conversa com os jornalistas, Gilmar Mandes criticou  "esse discurso, agora, de julgamento político", acrescentando: "Que um eventual condenado tente descaracterizar a legitimidade da condenação, é compreensível. Mas agora, com a movimentação de outros setores, a gente tem que ficar desconfiado. Então, se a gente olha, coleta de dinheiro, esse tipo de manifestação, serviço num hotel que pertence a alguém no Panamá por R$ 20 mil... Se a gente soma tudo isso, há algo mais no ar do que avião de carreira. Está estranhíssimo".

O ministro aproveitou para deixar no ar algumas perguntas, tais como: "Será que essa dinheirama, esse dinheiro que está voltando é de fato de militantes? Estão distribuindo dinheiro para fazer esse tipo de doação? Será que não há um processo de lavagem de dinheiro aqui?".

Para Gilmar Mendes, "o Ministério Público tem que olhar isso", que "mostra bem o risco desse chamado modelo de doação individual", envolvendo organizações sindicais e, associações, "distribuindo dinheiro por CPF, com arrecadação de R$ 600 mil num só dia".