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Sobe para 14 o número de mortos em decorrência dos temporais no ES

A presidente Dilma Rousseff sobrevoou os municípios mais atingidos na manhã desta terça

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Aumentou na madrugada desta terça-feira (24) o número de vítimas fatais em decorrência das fortes chuvas que atingem o Espírito Santos. O boletim mais recente da Defesa Civil informa que agora são 14 vítimas fatais, 46 mil pessoas sem-teto, sendo 41.520 desalojadas e 4.669 desabrigados, que foram levadas para abrigos municipais ou recebem ajuda de amigos e parentes. O número de feridos é de 49 pessoas. A presidente Dilma Rousseff sobrevoou na manhã desta terça-feira (24) as áreas de risco e as mais atingidas pelos temporais dos últimos sete dias. 

A presidente Dilma chegou no Espírito Santo às 9h40min e era aguardada no aeroporto pelo governador Renato Casagrande e por secretários de estado. Dilma seguiu viagem em um helicóptero da Força Aérea Brasileira, que sobrevoou a região Serrana do estado. Quarenta minutos após, a presidente retornou ao aeroporto de Vitória. Ela foi acompanhada pelo ministro da Defesa Celso Amorim, do ministro da saúde Alexandre Padilha, do ministro da Integração Nacional Francisco Teixeira, do comandante-geral do exército, general Enzo, do comandante da aviação presidencial, brigadeiro Joseli Parente, além do chefe da segurança presidencial, general Amaro. 

Segundo a assessoria de comunicação da Presidência da República, Dilma Rousseff também vai se reunir com o governador do Estado, Renato Casagrande. Após o encontro, os dois devem sobrevoar juntos a Região Metropolitana, onde fica a localidade de Santa Leopoldina, um dos municípios mais atingidos pela chuva. Na noite desta segunda (23), Dilma escreveu em seu Twitter que o Espírito Santos vai receber ajuda federal. Já foram enviados em caráter de urgência os kits com medicamentos e utensílios para dormitório, higiene e limpeza. A postagem da presidente promete ainda dois helicópteros e 10 veículos com capacidade de carga de cinco toneladas que serão disponibilizados ao estado.

Segundo a Defesa Civil, as mortes ocorreram nos municípios de Colatina, Nova Venécia, Baixo Guandu, Piraju e Itaguaçu - sendo que o último registrou dois óbitos. Além destes, outros 42 municípios foram afetados pela enxurrada, dos quais 22 decretaram situação de emergência ou estado de calamidade pública. O próprio governo estadual decretou situação de emergência em todas as áreas afetadas por desastres decorrentes das últimas chuvas. Há alerta de mais chuvas e a situação mais preocupante é na região serrana do estado.

A Secretaria Nacional de Defesa Civil mantém alerta de risco de inundação e deslizamento de terra na região serrana e de alagamentos em Linhares e Colatina. O alerta se deve ao fato de o rio Doce estar com nível de água acima da taxa de inundação. Os coordenadores de Defesa Civil dos municípios foram informados acerca dos procedimentos de avaliação contínua dessas áreas que, caso necessário, devem ser evacuadas imediatamente.

Dilma Rousseff anuncia ajuda ao ES

A presidenta Dilma Rousseff disse nesta terça-feira (24/12), em Vitória, no Espírito Santo, que os governos precisam se concentrar em três medidas imediatas para tratar as consequências das chuvas que afetam o estado nos últimos dias.

“O mais importante é salvar vidas. O fator mais importante agora é a vida humana, e o Exército tem grande capacidade de resgate”, disse. Segundo a presidenta, além de impedir novas mortes, o governo vai trabalhar para recuperar a condição de vida da população e evitar que novos desastres ocorram.

Dilma destacou a importância do Sistema de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, criado em 2011, que já destinou, apenas para o Espírito Santo, R$ 600 milhões para obras de prevenção de desastres. De acordo com o Palácio do Planalto, todas as obras já foram contratadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A presidenta viajou para o estado no início da manhã, onde fez um sobrevoo com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, sobre as regiões mais afetadas. Dilma e Casagrande se reuniram logo depois para ouvir agentes da Defesa Civil estadual, que estão atuando na busca e salvamento de vítimas. A presidenta também falou sobre as medidas que já foram adotadas até o momento para ajudar o estado.

Nesta terça-feira, pela manhã, a assessoria do governo local confirmou a morte de nove pessoas. De acordo com o balanço, que ainda será atualizado no final do dia, 45 pessoas estão feridas e 46 mil desabrigadas. O município mais afetado é o de Itaguaçu, um dos 45 municípios que tiveram a situação de emergência decretada nesta terça-feira pela Defesa Civil nacional.

Os três mil kits dormitório, de limpeza e de higiene pessoal disponibilizados pelo governo federal já estão sendo distribuídos para as cidades mais afetadas. Outros dez kits com 30 tipos de medicamentos e 18 insumos para primeiros-socorros também serão enviados pelo Ministério da Saúde. Representantes do órgão afirmam que cada kit é suficiente para atender a 1,5 mil pessoas pelo período de um mês.

Continua chovendo em vários municípios capixabas e a previsão é que as chuvas permaneçam, pelo menos, até domingo. Ainda assim, a Defesa Civil estadual mantém o alerta em função do solo encharcado que pode provocar novos deslizamentos e alagamentos em vários municípios.


Chuva no ES já é a maior desde que começaram as medições

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnicas e Extensão Rural (Incaper) informou que as fortes chuvas que há mais de uma semana atingem o Estado já são as maiores enfrentadas, desde que começaram as medições meteorológicas no Espírito Santo, há 90 anos. Segundo o Incaper, o fenômeno é decorrência de "um canal de umidade associado à presença de Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) que vem mantendo mantendo o tempo encoberto em todo o Estado".

O instituto avalia que a chuva deve continuar ao longo desta terça-feira, em razão das condições de instabilidade. "Podem ocorrer volumes significativos nas regiões sul, serrana, Grande Vitória, noroeste e em municípios do nordeste situados ao sul do Vale do Rio Doce."

As informações indicam que já foram registrados acúmulos de chuva com volume superior a 700 milímetros desde o início do mês de dezembro em alguns municípios do Estado. "O solo já está muito encharcado, e a continuidade da chuva só agrava os impactos", disse Hugo Ramos, meteorologista do Incaper.

Os estragos causados pela chuva já são considerados maiores do que a tragédia registrada na enchente de 1979, que afetou municípios de Minas Gerais e Espírito Santo localizados no Vale do Rio Doce. Naquela época, quase 48 mil pessoas tiveram que deixar suas casas. Foram registradas 74 mortes. Houve 4.424 residências atingidas nos dois Estados.

A maior cheia da história do rio Doce foi em 1997, quando o manancial ultrapassou a cota de 8,7 metros. Em Colatina, a cota de inundação do rio Doce é de 5,2 metros. "Em outras palavras, ao atingir este nível, o rio transborda e pode inundar vários pontos da cidade", disse Ramos.

A Secretaria Nacional de Defesa Civil continua enviando alertas de risco de inundação e deslizamento de terra na região serrana e alagamentos em Linhares e Colatina, devido ao nível do rio Doce estar acima da taxa de inundação. A avaliação do Incaper é de que o rio deve ultrapassar 10 metros. 


Produção afetada

Diversas atividades agrícolas foram afetadas: cafezais, pastagens, hortaliças e frutas. No interior, mais de 200 pontes foram danificadas ou arrancadas pela força das águas. Houve deslizamento de barreiras de terra e rompimento de dezenas de barragens. Estradas rurais estão intransitáveis, e comprometem o escoamento da produção de alimentos. Mais de 100 mil litros de leite foram perdidos. O fornecimento de ração para a avicultura também foi afetado, principalmente no município de Santa Maria de Jetibá. 

Com um total de 47 municípios afetados e com estado de emergência decretado, vários deles com dificuldade de acesso, órgãos do governo do Espírito Santo, prefeituras municipais, defesas civis, Corpo de Bombeiros, Exército, Força Nacional de Segurança e milhares de voluntários trabalham nas áreas afetadas para socorrer vítimas, retirar pessoas das áreas de risco, transportar e distribuir donativos.

"Fazemos um apelo neste momento. É importante lembrar sobre a necessidade de seguir as orientações do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil. Vidas precisam ser salvas", disse Evair Vieira de Melo, diretor-presidente do Incaper.

* Com Agência Brasil e Portal Terra