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Credibilidade da polícia cai entre população

Segundo especialistas, a reforma do modelo de gestão de segurança é necessária

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O 7º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostrou que a credibilidade das diversas polícias do país caiu entre a população em relação aos anos anteriores. A pesquisa, publicada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Índice de Confiança na Justiça Brasileira (ICJBrasil), aponta que 70,1% da população perdeu a confiança na polícia; um aumento de 8,6 pontos em comparação com o primeiro semestre do ano passado.

Já as Forças Armadas possuem os melhores números: 65,4% dos cidadãos confiam na instituição. No entanto, o índice também piorou se comparado ao ano anterior, quando 75,3% da população confiava nela. Os partidos políticos são os menos confiáveis: 95,1% dos brasileiros afirmam não acreditar neles.

Para o advogado criminalista Raphael Diniz, o resultado não surpreende. "A impunidade é um problema que, muitas vezes, cai na conta da polícia. Quando um caso não é elucidado, a culpa vai pra eles. Outro motivo que contribui para a queda de credibilidade é o desvio de conduta, visto através de torturas e corrupção", explica. Segundo ele, a solução está em uma reestruturação da polícia. "Quem luta por essa causa [a reestruturação da polícia] sabe como as condições de trabalho são precárias em muitas delegacias. A reestruturação é necessária, assim como a averiguação e punição de policiais corruptos", diz.

Debater o modelo de gestão de segurança praticado no Brasil também é apontado como necessidade pelo FBSP. No texto de introdução à pesquisa, o Fórum conclui que "resultados de longo prazo só poderão ser obtidos mediante reformas estruturais que enfrentem alguns temas sensíveis, tais como (...) a reforma do modelo policial estabelecido pela Constituição". Segundo Caio Conti, advogado criminalista, uma saída seria mudar a postura adotada para se lidar com as manifestações que acontecem desde junho. "A repressão desmedida nos protestos faz a população ficar com medo. A curto prazo, é preciso mudar esse comportamento militarizado", explica.

O anuário ainda mostra que a taxa de estupro ultrapassou a de homicídios em 2012. São 50.617 estupros cometidos no Brasil, 26,1 ocorrências por 100 mil habitantes. Em São Paulo, o crime aumentou 23% e no Rio de Janeiro 24%. O número de homicídios no país também subiu. São 24,3 assassinatos por cada 100 mil brasileiros, representando um aumento de 7,8%.

*Do programa de estágio do Jornal do Brasil