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Alstom fez “acertos” também com empresas estatais

A multinacional francesa atuou com grupo de lobistas

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A multinacional francesa Alstom, envolvida em corrupção no caso do metro de São Paulo, parece que estendeu seus tentáculos para outras áreas da administração pública fazendo “acertos” com lobistas e funcionários públicos. O escândalo da vez, denunciado em matéria da revista Veja desta semana, envolve a Eletronorte que não reconhecia sendo cobrada pela empresa. O pagamento, denuncia a revista, foi feito, mas na base do “acerto”.

Em depoimento dado a Polícia pelo engenheiro Osvaldo Panzarini, que na época ocupa importante acrgo na Alstom, revelou que a dívida com a Eletronorte seria paga, mas a multinacional teria que desenbolsar comissões para lobistas e servidores públicos. A comissão começou a ser negociada em 10% sobre o valor devido, o que a Alstom achou muito alto. Depois de algumas negociações, esse percentual caiu para 3%.

O pagamento dos “acertos”, no entanto, foi informado aos altos executivos da Alstom, inclusive seu presidente na época, José Luiz Alquérez, conforme o depoimento de Panzarini. Foram feitos grampos telefônicos das conversas de Panzarini com os lobistas e ele chegou a ser preso. A Polícia Federal, em buscas feitas nas casas dos lobistas achou documentos que incriminavam vários funcionários da Eletronorte, entre eles o diretor de Engenharia, Adhemar Palocci, irmão do ex-ministro Antonio Palocci, e o senador Valdir Raupp (PMDB-RO).

Planilhas com nomes dos que receberam a propina foram apreendidas no escritório de José Roberto Parquier, assessor de Raupp. Panzarini confirmou em seu depoimento que tratou do assunto Eletronorte no gabinete de Raupp, no Senado. O senador afirmou que teve seu nome usado por estelionatários e, na época, demitiu seu assessor. As apurações não foram interrompidas, segundo a matéria, e a Polícia Federal tem indícios de que a Alstom usou o mesmo grupo de lobistas para intermediar seus interesses na Petrobras e em Itaipu Binacional.

Apesar de todas essas provas, não houve nenhuma punição. O responsável pelo inquérito na época, delegado Fernando Francischini, hoje líder do partido Solidariedade na Câmara, disse que enviou os documentos à Procuradoria da República, para, posteriormente ser enviado à Procuradoria Geral da República, que disse nunca ter sido acionada neste caso.