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Alckmin diz que governo vai acelerar instalação de bloqueadores de celulares

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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou, na manhã desta segunda-feira, após reunião com a cúpula da segurança em São Paulo, que o governo está “procurando acelerar o pregão para os bloqueadores de celulares nos presídios” do Estado. 

“Já está aberto o pregão de bloqueadores de celulares nas 23 primeiras penitenciárias. Esperamos concluir o processo licitatório e, em dezembro, já começamos a instalação dos bloqueadores, iniciando pelas penitenciárias de maior segurança”, disse o governador.

O tucano se reuniu hoje com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, o delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Mauricio Blazeck; o comandante-geral da Polícia Militar, Benedito Roberto Meira, e o secretário da Administração Penitenciária, Lourival Gomes. O encontro ocorreu após denúncias feitas através de investigações do Ministério Público paulista (MP-SP) contra membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). 

Na coletiva após a reunião, Alckmin anunciou que uma equipe especial da corregedoria será formada para acompanhar e verificar casos de corrupção de policiais. Policiais foram flagrados em conversas com membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), oferecendo auxílio na venda de drogas e também na libertação de presos. 

“Queria trazer uma tranquilidade à população, dizendo que o esforço que está sendo feito pela polícia, todas as medidas estão sendo tomadas. Fizemos já uma força-tarefa 24 horas com a polícia trabalhando, com a participação da Secretaria de Segurança Pública, Polícia Civil, Polícia Militar e Administração Penitenciária. Esse trabalho está ocorrendo 24 horas no sentido de ter informações com a ação da inteligência e trabalho policial”, disse o governador. 

Segundo o secretário Fernando Grella Vieira, mais de 100 policiais, civis e militares, já foram afastados esse ano por conta de envolvimento em casos de corrupção. “Estamos recebendo as informações oficialmente com compartilhamento de todas essas informações. A partir daí, então, tomaremos providências concretas sobre essas situações que retratariam a participação de policiais em ações criminosas”, disse o secretário. 

Segundo secretário, Estado está pronto para represália de bandidos

Questionado sobre informações publicadas no jornal Folha de S.Paulo de hoje, que aponta que  o PCC poderia voltar a realizar uma série de ataques, Grella afirmou que o Estado está pronto para uma reação do grupo.

“Estamos preparados para isso (uma represália do PCC), trabalhando junto com a Secretaria de Administração Penitenciária, o Centro Integrado de Inteligência. Nossas polícias estão atentas e preparadas para qualquer tipo de situação”, disse Grella.

Questionado sobre a intenção da facção em inserir bandidos em meio à manifestação populares, o secretário afirmou não ter “nenhum elemento de inteligência que aponte isso”. 

"O PCC é uma realidade, tem que ser enfrentado. Talvez não tenha a dimensão e o tamanho que alguns dizem. Eu não quero fazer nenhum juízo de valor neste momento sobre os números, mas é uma realidade, tem que ser enfrentado. É o que estamos fazendo. Estamos trabalhando fortemente na área de inteligência, colhendo informações, com uma ação integrada, para atingir a normalidade", disse Grella. 

Alckmin afirmou que não reforçará sua segurança por conta das ameaças de morte que foram flagradas em conversas telefônicas interceptadas pelo MP. “Já temos uma segurança mínima, que eu acho que é suficente, não vai ter nenhuma alteração.” 

MP-SP fez maior mapeamento da história do crime organizado do País

O MP paulista denunciou 175 acusados de participar do PCC após concluir o maior mapeamento da história do crime organizado no País. Além disso, a promotoria pediu à Justiça a internação de 32 presos no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) - entre eles, toda a cúpula, hoje detida em Presidente Venceslau - e a prisão preventiva de 112 dos acusados. 

As provas reunidas pelos promotores do Gaeco abrangem escutas, documentos, depoimentos de testemunhas e informações sobre apreensões de centenas de quilos de drogas e de armas. 

O grupo foi flagrado ordenando assassinatos, encomendando armas e toneladas de cocaína e maconha. Há planos de resgate de presos e de atentados contra policiais militares e autoridades. O bando faz lobby e planeja desembarcar na política.

O mapeamento mostra que o PCC está presente em 22 Estados do Brasil e em três países (Brasil, Bolívia e Paraguai), e domina 90% dos presídios de São Paulo. O faturamento é de R$ 8 milhões por mês com o tráfico de drogas e outros R$ 2 milhões com sua loteria e com as contribuições feitas por integrantes - o faturamento anual de R$ 120 milhões a colocaria entre as 1.150 maiores empresas do País, segundo o volume de vendas. 

A droga do PCC vem do Paraguai e da Bolívia. Os três principais fornecedores de drogas seriam o traficante paraguaio Carlos Antonio Caballero, o Capilo, e os brasileiros Claudio Marcos Almeida, o Django, Rodrigo Felício, o Tiquinho, e Wilson Roberto Cuba, o Rabugento. O bando tem um arsenal de uma centena de fuzis em uma reserva de armas e R$ 7 milhões enterrados em partes iguais em sete imóveis comprados pela facção. Ao todo, o grupo tem 6 mil integrantes atrás das grades e 1,6 mil em liberdade em São Paulo. Esse número sobe para 3.582 em outros Estados.

Em uma das interceptações telefônicas em que o chefão do PCC Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, foi flagrado, ele orgulha-se de ter abolido o crack das cadeias de São Paulo.

"Nós paramos, na prisão ninguém usa", disse para um dos subordinados, identificado pelo apelido de Magrelo. O homem condenado pelos ataques à polícia em 2006 e pelo assassinato em março de 2003 do juiz Antonio José Machado Dias, da Vara de Execuções Penais de Presidente Prudente, afirmou ainda que "hoje pra matar alguém é a maior burocracia", referindo-se às normas impostas pela facção. Por elas, quando um bandido tem alguma queixa contra outro deve se dirigir a um tribunal do PCC. Neles, o faltoso pode ser desde repreendido até morto. Mas a sentença de morte tem de ser referendada pelo "comando". "Então quer dizer, os homicídios caíram não sei quantos por cento e aí eu vejo o governador chegar lá e falar que foi ele." Em outra conversa no mesmo dia, Marcola diz para Marcio Alarido Esteves, o Turim, que é necessário contratar um advogado por R$ 100 mil para defender a facção.

Durante os três anos e meio de investigação, o MPE montou o organograma da facção e obteve o "censo" do PCC, feito pelo setor da organização denominado Sintonia Geral dos Outros Estados, considerado a cúpula do grupo e que toma todas as decisões estratégicas. Por meio do censo foi possível verificar que, além de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul são os dois Estados onde a facção tem o maior número de adeptos. Segundo as apurações do MPE, o grupo paulista negociou a paz entre as três principais facções do Rio: Amigos Dos Amigos (ADA), o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando (TC).