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"Não podemos ter uma postura arrogante", diz Padilha sobre médicos cubanos

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O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defendeu há pouco a presença de médicos cubanos no Brasil. Segundo ele, os profissionais que começaram a atuar nesta semana em municípios do interior do País têm alta formação, além de anos de experiência.

“Não podemos ter uma postura arrogante, ou seja, dizer que não são médicos pessoas muito qualificadas. Temos de separar uma postura ideológica de crítica a Cuba, que é legítima, de um programa que garante uma alternativa para milhões de brasileiros que hoje não têm acesso a qualquer médico”, argumentou.

Padilha participa de comissão geral sobre o programa Mais Médicos, que acontece neste momento no plenário da Câmara.

>> Advogado-geral da União defende Mais Médicos e sistema de contratação de cubanos

O Brasil irá receber cerca de 400 médicos cubanos por causa de uma parceria entre o governo brasileiro e a Organização Panamericana de Saúde (Opas). O acordo faz parte do programa Mais Médicos, que estimula a atuação de médicos brasileiros e estrangeiros nas periferias das grandes cidades e em municípios do interior.

De acordo com Padilha, os médicos cubanos trabalharão em 701 cidades que não foram escolhidas por nenhum médico brasileiro ou estrangeiro que se inscreveram no programa. “Mais de 12 milhões de pessoas moram nesses municípios, que hoje não têm nenhum médico”, alertou Padilha. Segundo ele, 58 países mantêm acordos com Cuba similares ao que o Brasil assinou.

Remuneração

O programa Mais Médicos garante uma remuneração mensal de R$ 10 mil para os profissionais inscritos. No caso de Cuba, o valor será repassado para o governo, que determinará a remuneração dos médicos do país. O sistema causou polêmica, mas, segundo Padilha, esse modelo é necessário para garantia a boa formação dos profissionais cubanos, já que parte das verbas é destinada às escolas do país.

O ministro da Saúde lembrou que médicos cubanos também atuam em países sem recursos para garantir qualquer remuneração, como o Haiti. “Um país pobre como Cuba custeia integralmente esses programas. Disso ninguém se lembra ao criticar o formato de remuneração dos médicos no Brasil”, ponderou.

Outras ações

No encontro, o ministro também lembrou que a contratação imediata de médicos é uma das ações do programa Mais Médicos, já que a pasta vem promovendo outras iniciativas que devem gerar resultado no médio prazo. Entre elas está o estímulo à criação de vagas em faculdades de medicina e a garantia de infraestrutura em unidades de saúde.

De acordo com Padilha, o Brasil oferece 0,8 vaga de medicina para cada 10 mil habitantes. Em Portugal é 1,6. Na Argentina, 3,2. Além disso, a cada ano, 700 mil pessoas concorrem para cada 17 mil vagas em cursos na área. “Mesmo países com maior número proporcional de médicos têm mais vagas em cursos superiores. O Brasil precisa democratizar o acesso ao estudo da medicina, caso contrário não resolveremos o problema estruturante da falta de médicos”, afirmou.