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"É inadmissível retirada de senador sem salvo-conduto da Bolívia", diz Dilma

Presidente criticou comparação com DOI-CODI: "Distantes como céu do inferno"

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Visivelmente irritada, a presidente Dilma Rousseff criticou duramente, nesta terça-feira, a ação que trouxe da embaixada brasileira, em La Paz, o senador boliviano Roger Molina. "É inadmissível que um governo possa submeter uma pessoa que está sob sua guarda a um risco como este. O Brasil jamais poderia aceitar que um senador boliviano asilado em sua embaixada fosse retirado do local sem que o governo daquele país desse o salvo-conduto", afirmou.

A presidente lamentou que Molina tenha sido submetido à “insegurança” com a fuga planejada. Segundo Dilma, o governo brasileiro tentou inúmeras vezes conseguir o salvo-conduto para o senador fosse transferido com segurança ao Brasil.  “Nós negociamos diversas vezes o salvo-conduto e não conseguimos. Um Estado Democrático de Direito, a primeira coisa que faz é proteger a vida e o conforto do asilado”, afirmou.

A presidente também condenou a comparação que o diplomata Eduardo Saboia fez entre  as condições com que Molina estava instalado na embaixada brasileira e o DOI-CODI. "Eu estive no DOI-CODI, eu sei o que é o DOI-CODI, e afirmo que não há qualquer similaridade entre os dois casos. Eles estão tão distantes quanto o céu do inferno, literalmente."

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Saboia, responsável pela transferência de Molina ao Brasil, fez a comparação com o órgão usado pela ditadura na repressão ao justificar a decisão de retirar Molina da embaixada. Segundo Saboia, o senador estava em condições precárias e correndo risco de vida.

Molina ficou 455 dias abrigado na embaixada brasileira na Bolívia desde que pediu asilo político ao Brasil, em 28 de maio de 2012. Porém, para deixar a Bolívia era preciso salvo-conduto, autorização do governo boliviano, que negava o documento. Na sexta-feira (23), o parlamentar deixou a embaixada com o auxílio da representação diplomática brasileira.

O boliviano chegou no último sábado (24) ao Brasil, por Corumbá (MS).As autoridades bolivianas dizem que o senador responde a mais de 20 crimes por corrupção e desvios de recursos públicos. Molina nega as acusações. Ele disse ser vítima de perseguição política, por fazer oposição ao governo do presidente Evo Morales, e negou haver qualquer tipo de prova contra ele na Justiça.

Com Agência Brasil