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PF conclui que boatos envolvendo Bolsa Família foram espontâneos

Segundo a polícia, não há elementos que possam configurar crime ou contravenção penal

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A Polícia Federal (PF) concluiu que os boatos envolvendo o Bolsa Família foram espontâneos, e não há como afirmar que apenas uma pessoa ou grupo tenham causado a corrida às agências da Caixa Econômica Federal no dia 18 de maio, um sábado. Segundo nota divulgada nesta sexta-feira, a PF informa que o relatório final foi enviado ao Juizado Especial Criminal do Distrito Federal.

Para que fossem identificados os primeiros beneficiários, a Polícia Federal solicitou à área operacional da Caixa Econômica os registros de saques realizados no período, bem como o padrão dos saques realizados nos meses anteriores.

Do cruzamento dessas informações, a PF constatou aumento anormal no volume de saques nas cidades de Ipu (CE) e Cajazeiras (PB) já nas primeiras horas do sábado, dia 18 de maio. Essas duas cidades apresentaram, proporcionalmente, o maior número de saques dos benefícios no final de semana. A partir das 11h do mesmo dia, verificou-se aumento incomum nas demais cidades que sofreram grande procura nas agências bancárias.

A análise dos dados permitiu a identificação e entrevista de 180 beneficiários dos estados de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro. Entre esses beneficiários, constam os primeiros sacadores das cidades de Ipu e Cajazeiras, além daqueles que foram às agências bancárias a partir das 11h do dia 18 nas demais cidades. Também foram ouvidos 64 gerentes da Caixa Econômica Federal nas localidades onde ocorreu o maior volume de saques.

Das pessoas ouvidas, aproximadamente 40% encontravam-se na data correta do cronograma de pagamento da bolsa. Entre os motivos que levaram os demais beneficiários às agências bancárias, constam: a ciência da antecipação do pagamento por motivos diversos, a informação de um possível adicional em virtude do dia das mães e a notícia de um suposto cancelamento do programa, respectivamente.

A PF analisou diversas linhas investigativas para apurar se houve articulação na divulgação do cancelamento do programa. Foram empenhados esforços para apurar uma possível articulação coordenada para que os boatos surgissem e ganhassem corpo.

Entre essas linhas de investigação, foi analisada a possível utilização de redes sociais para propagação dos boatos. Foi identificada uma postagem em uma rede social feita pela filha de uma beneficiária da cidade de Cajazeiras informando sobre o saque antecipado de sua mãe. Essa foi a primeira menção na internet a respeito do assunto. No entanto, a postagem desta informação não foi a origem dos boatos. Assim sendo, a internet e as redes sociais apenas reproduziram notícias veiculadas pela imprensa sobre os tumultos em agências bancárias.

Da mesma forma, não ficou configurada a utilização de rádios comunitárias, telemarketing ou empresa contratada para a disseminação da informação de cancelamento do programa. Apenas uma beneficiária no Rio de Janeiro noticiou ter recebido telefonema a respeito, depoimento que não se repetiu em nenhuma outra ocasião.

O relatório da Polícia Federal aponta que o boato foi espontâneo não havendo como afirmar que apenas uma pessoa ou grupo tenha causado os boatos envolvendo o Programa Bolsa Família. Conclui-se, assim, pela inexistência de elementos que possam configurar crime ou contravenção penal.