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Nesse tipo de protesto a polícia vai sempre sair perdendo

Forças de segurança devem se preocupar em não fazer vítimas 

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Com as manifestações sociais ocorrendo em todo Brasil, as polícias militares e seus respectivos batalhões de choque sofreram duras críticas em relação às suas atuações durante o protesto. Quando elas tiveram início, as PMs agiram de forma enérgica contra os manifestantes e acabaram criticadas pela mídia e por grande parte da sociedade civil. Porém, quando atuaram de forma mais pacífica, algumas pessoas apelaram para a violência, como na última segunda-feira (17), quando a região da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), no Centro, virou uma verdadeira praça de guerra, com diversos saques e depredações de prédios públicos e privados.

Para o professor do Instituto de História da UFRJ, Marcos Bretas, líder do grupo de pesquisa História do Crime, da Polícia e da Justiça Criminal, independente de como as PMs agirem, neste tipo de manifestação elas sempre sairão perdendo.

“Neste tipo de situação, na verdade, a polícia vai perder sempre. Perde pelo que faz e pelo que deixa de fazer. Então é uma situação complicada em termos da segurança pública. É preciso ter paciência, tem que coibir a violência da polícia, que de fato foi excessiva, o que mostrou o despreparo. Este é o momento de se importar mais com que não tenham vítimas da violência do que sair prendendo gente, mas é duro para os PMs porque vai contra a filosofia de trabalho deles”, afirma Bretas.

Na opinião do professor da UFRJ, seria muito importante se a imprensa e os manifestantes conseguissem identificar as pessoas que estão praticando atos de vandalismo: “Quem são essas pessoas? São pobres, são estudantes? Para mim esse é o grande mistério, então é crucial identificar e entender esses personagens, mas não no sentido policial e jurídico, mas sim no sociológico”.

EXCESSO

Já o professor de sociologia da UFRJ e coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da mesma universidade, Michel Misse, afirma que a força usada pelas PMs no início das manifestações, segundo ele excessivas, contribuiu para que o protesto tomasse a proporção que tomou. “Houve uma reação da cidadania contra esse exagero”, opina.

Segundo Misse, a reação policial aos protestos foi desproporcional: “Em São Paulo, por exemplo, a desproporcionalidade, ou seja, o grande número de policiais reprimindo gerou a radicalização da manifestação. Já na última segunda-feira, no Rio de Janeiro, foi o inverso. Havia falta de policiais, e os poucos que tinham acabaram acuados dentro da Alerj, já que do lado de fora as pessoas eram maioria”.

Para Misse, se algum manifestante for flagrado pichando um muro, por exemplo, ele deve ser detido e não sofrer violência física, “mas, se houver resistência, deve ser proporcional, com o uso controlado e ponderado da força”.

*Do Projeto de Estágio do Jornal do Brasil