O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou, nesta terça-feira (18/6), que as manifestações em curso nas grandes cidades do país demonstram que a sociedade está "cansada da impunidade". Segundo ele, o fato de "esses jovens que ocupam as ruas terem incluído entre outros temas a PEC 37 evidencia que há uma preocupação geral com essa verdadeira mutilação do Ministério Público".
A afirmação foi feita por Gurgel num intervalo do debate promovido pelo Colégio de Procuradores da República com parlamentares, autoridades do Executivo, associações de juízes e entidades defensoras de direitos humanos sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37/2011, que visa a conferir exclusividade da investigação criminal às polícias civis e federal.
O chefe do MPF considera as manifestações de rua " sempre legítimas, como foi dito pela presidente Dilma Rousseff", embora não devam ocorrer "atos de violência e de destruição do patrimônio".
Ayres Britto
Já o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Ayres Britto -
também participante da manifestação do Ministério Público - fez o
seguinte comentário sobre as manifestações que ocorrem no país: "É o
modo de protagonizar a cidadania. É a protagonização do cidadão pelo
modo mais direto. Isso não é ruim. isso é muito bom. É o chamamento
das instituições para o cumprimento do papel que lhes cabe, de atuar
como locomotiva social. Nesse momento, o povo não é vagão, é a própria
locomotiva de seu destino. Isso confere a ele, povo, a mais legítima
autoridade para passar um pito nas autoridades instituídas.E como o
movimento tem sido pacífico, a violência não parte em linhas gerais da
população, há de ser saudado como expressão da mais depurada e até
avançada democracia".