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Protestos lembram manifestações históricas do país     

'Diretas Já' e 'Fora, Collor' também mobilizaram milhares de brasileiros

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Uma série de manifestações no País mobilizou milhares de pessoas em mais de dez capitais e diversas cidades. Os movimentos fizeram lembrar os dois principais atos ocorridos no Brasil: ‘Diretas Já’ entre 1983 e 1984 e o ‘Fora, Collor’, dos 'caras-pintadas', realizado ao longo do ano de 1992. Ambas as manifestações eram claramente contra governos desgastados e tinham objetivos definidos: o restabelecimento às eleições diretas e o impeachment do então presidente Fernando Collor.

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O mar de gente que tomou os centros das cidades nesta segunda-feira (17) relembrou as imagens de 1984 na marchas pelas eleições diretas, que no Rio, por exemplo, fizeram o mesmo trajeto, terminando em um comício na Cinelândia. O cenário dos protestos atuais, no entanto, é muito mais abrangente, o que dificulta a compreensão dos políticos a respeito das reivindicações, mas não enfraquece o movimento, que permanece levando milhares de pessoas às ruas.

O ato é apartidário, mobilizado pelas redes sociais, não tem apenas um foco, nem uma liderança clara, o que difere dos movimentos históricos e retrata o tempo multifacetado de anseios e metas em que, principalmente, os jovens vivem. A população é contra o aumento das passagens, a PEC 37, os gastos com a Copa, a alta do custo de vida, a má administração pública e as demandas por mudanças não param de crescer. Além disso, percebe-se que os excessos da Polícia Militar deram mais estímulos para a luta continuar.

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Manifestações garantiram representação popular na política

A grande mobilização popular do ‘Diretas Já’ culminou na maior passeata de todas, em 16 de abril de 1984. Apesar disso, a Emenda Dante de Oliveira não foi aprovada. Seu objetivo era reinstaurar as eleições diretas para presidente, alterando os artigos 74 e 148 da Constituição Federal de 1967 (Emenda Constitucional nº 1, de 1969), interrompida pelo golpe militar de 1964. As eleições diretas só aconteceram em 1989, um ano depois do que propôs o presidente da época, João Batista Figueiredo. Porém, o ‘Diretas já’ garantiu vitória no ano seguinte de seu último protesto, quando um dos líderes, Tancredo Neves, foi eleito indiretamente ao mais alto cargo do Executivo, ocupado por militares desde 64.

Há quase 21 anos, o Brasil assistiu à abertura do processo de impeachment de Fernando Collor de Melo, primeiro presidente eleito por voto direto após regime militar. Seu impeachment foi aprovado por 441 votos na Câmara dos Deputados, após denúncias de esquema de corrupção entre Collor e o ex-tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, o PC Farias. As denúncias, associadas ao desgaste na implementação de planos de estabilização da economia, levaram à mobilização popular e à aprovação do pedido de impeachment. Duas entrevistas foram determinantes para dar força aos atos: a do irmão de Fernando, Pedro Collor, na revista Veja, em que denunciou o “esquema PC” e o desvio de verbas públicas e a do motorista Francisco Eriberto França, que confirmou à Isto É ter feito pagamentos para Fernando Collor e sua esposa, Rosane Collor, com cheques e valores que buscava nas empresas de PC Farias.