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Eduardo Cunha: carreira recheada de polêmicas

Ele é acusado de fazer lobby para barrar MP dos Portos 

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Principal personagem da queda de braço entre o Governo e o Congresso, ao conseguir dificultar a votação da Medida Provisória 595, que regulamenta os portos, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tem uma carreira política marcada por escândalos. Apesar de fazer parte da base aliada do Governo, Cunha, que é o líder do PMDB na Câmara, se colocou contra a proposta enviada pela presidente Dilma Rousseff gerando uma forte crise com a base aliada.

A primeira grande polêmica de Eduardo Cunha ocorreu durante o governo Collor, quando presidia a Telerj. Na época, Cunha chegou a ser acusado de participar dos esquemas de corrupção de PC Farias. Em 1989, se envolveu em outro escândalo dessa vez por conta de superfaturamento, quando assinou aditivo de US$ 92 milhões a um contrato da Telerj com a NEC, fornecedora de equipamentos telefônicos.

Curiosamente, voltou ao cenário político durante o mandato do Governador Anthony Garotinho, hoje seu principal adversário, e que protagonizou com ele esta semana uma discussão em plenário que esquentou o clima das discussões em torno da MP dos Portos. Garotinho, como governador do Rio, convidou Cunha a assumir a presidência da Companhia Estadual de Habitação (Cehab), que controlava os fundos destinados a construção de casas populares.

Acusado de desviar verbas da Companhia,Cunha justificou seus gastos, incompatíveis com a renda declarada, com base em um suposto empréstimo do Banco Boreal, que pertence ao mesmo grupo que controla a Libra – operadora portuária acusada de estar por trás do lobby de Cunha atualmente.

Em 2011, foi acusado pela mídia de ter relações próximas ao grupo Gallway, que seria originário do paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Em 2007, a empresa estatal Furnas teria superfaturado a compra de lotes de ação em negociação feita junto ao Gallway.

Daniel Dantas também é marcado por polêmicas

Semana passada, o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) acusou Eduardo Cunha de dificultar a votação da MP dos Portos numa tentativa de favorecer sócios de terminais portuários, em especial, Daniel Dantas, único nominalmente citado. Sócio do terminal Santos Brasil, Dantas também é dono do Banco Opportunity e também tem sua carreira recheada de acusações e polêmicas.

O banqueiro chegou a ser condenado a 10 anos de prisão, por corrupção e lavagem dinheiro, após execução da operação Satiagraha, da Polícia Federal. Entretanto, o processo foi anulado pelo STJ, que considerou ilegal a participação da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) durante as investigações. O Opportunity ainda enfrenta um processo devido aos indícios de lavagem de dinheiro encontrados pelo Banco Central durante uma fiscalização em 2007.

Segundo Garotinho, Cunha estaria tentando desfigurar o projeto original a fim de atender interesses de certos grupos, como a Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec). Entre os sócios da associação estão os terminais Santos Brasil, de Dantas e a operadora Libra, que também possui relações com Cunha. Apesar de serem contrários à forma de abertura de capital dos portos promovida pela MP, os grupos, em notas à imprensa, declararam que não fazem lobby, dentro do Congresso, contra a votação da medida.

*Do projeto de estágio do Jornal do Brasil