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Clima de campanha leva governo a dar explicações

Cobranças são feitas nas comemorações de 1º de maio

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O clima de campanha que se instalou no país com a movimentação dos pré-candidatos à Presidência da República está levando o governo a dar explicações sobre os resultados pouco satisfatórios da economia. Os índices de inflação, que não dão sinais de queda, pontuaram os discursos nas comemorações do Dia do Trabalhador e a presidente Dilma Rousseff abordou o assunto em seu pronunciamento pela TV, garantindo que não haverá concessões na busca pelo equilíbrio econômico. A presidente enfrenta ainda as reivindicações das centrais sindicais que querem ver suas propostas atendidas pelo governo.

O recrudescimento da inflação foi abordado pelo senador Aécio Neves, possível candidato do PSDB à Presidência, durante discurso na festa de 1 de maio organizada pela Força Sindical em São Paulo. Aécio carregou no tom afirmando que “o Brasil vive um momento grave na economia, e as perspectivas para o futuro são sombrias”, provocando uma reação do secretário Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, também presente ao evento representando Dilma. Em resposta ao senador, o secretário disse em seu discurso que a inflação vai começar a cair e a presidente “zela como uma leoa em defesa dos trabalhadores para que a inflação não coma os salários”.

Se por um lado o alerta de Aécio retrata a possibilidade de uma grave situação para a economia do país, por outro ele pode estar torcendo para que isso realmente aconteça por representar uma chance de ter munição para enfrentar a presidente na corrida presidencial do próximo ano. Atenta às comemorações do 1 de maio, Dilma incluiu em seu pronunciamento o combate à inflação, afirmando que o governo nunca irá descuidar desse controle e ressaltou que “essa é uma luta constante, imutável e permanente”. A atenção aos palanques fez também com que Dilma retardasse a exibição de seu pronunciamento, previsto inicialmente para às 20h30, mas sendo veiculado em cadeia nacional apenas às 21h.

A preocupação da presidente com as críticas a seu governo ficaram evidentes na mensagem pela TV. Em anos anteriores, Dilma aproveitou a data festiva para divulgar agendas positivas, como a desoneração da cesta básica ou a redução das tarifas de energia. Ontem, no entanto, fez um balanço de seu governo ressaltando a criação de empregos e destacando que enviará ao Congresso uma proposta para que os royalties do pré-sal sejam usados em sua totalidade na educação, o que não é uma novidade.

Além de Aécio, Dilma começa a ser bombardeada pelo fogo amigo da CUT, que insiste no fim do fator previdenciário e da jornada semanal de 40 horas. Dificilmente o governo poderá atender a essas reivindicações por conta dos efeitos colaterais. De contrapeso, o presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva, quer ressuscitar o famigerado gatilho salarial, proposta que ninguém apoia. A redução da jornada de trabalho, num momento em que os investimentos estão em compasso de espera, e o crescimento econômico dá sinais de estagnação, dificilmente será encampada pelo governo. Por sua vez, o fim do fator previdenciário poderá representar um rombo de cerca de R$ 70 bilhões no caixa do governo.