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Investigador atesta 19 ligações entre Mizael e vigia no dia do crime

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Os telefonemas dados e recebidos pelo aparelho de celular do réu Mizael Bispo de Souza no dia 23 de maio de 2010 - data do assassinato de sua ex-namorada Mércia Nakashima -, voltou a ser discutido entre defesa e acusação no segundo dia do seu julgamento, a exemplo do que já havia acontecido na véspera, com o depoimento de Eduardo Amato Tolezani, engenheiro em telecomunicações. Nesta terça-feira, o investigador Alexandre Simoni Silva, que fez a análise das ligações que partiram e foram recebidas pelo aparelho, foi ouvido por cerca de duas horas, convocado pela defesa do réu.

De acordo com ele, foram 19 ligações feitas entre o réu e o vigia Evandro Bezerra da Silva, que é apontado pela promotoria como coautor do crime. O investigador, que pertencia à delegacia antissequestro na época do crime, foi convidado a fazer a análise pelo delegado Antonio Assunção de Olim, que chefiou a investigação. Hoje ele trabalha na Delegacia do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado.

Segundo a investigação, Bispo de Souza ligou 16 vezes para Evandro e recebeu três ligações de seu interlocutor. O policial, que diz ter trabalhado em pelo menos 150 casos - com sucesso - de sequestros, afirmou, a exemplo do que ocorreu no primeiro dia de julgamento, que o réu circulou pela cidade de Guarulhos, no momento em que é apontado como o horário provável do crime.

A defesa alega que Bispo de Souza estava nas imediações do Hospital Geral de Guarulhos, o que pode ser comprovado por meio do GPS do veículo. Porém, a acusação diz que depois de encontrar Mércia no local, ele teria seguido no carro da vítima, a matado e posteriormente levado o veículo até uma represa no município de Nazaré Paulista, local onde foi encontrado o veículo e o corpo da vítima.

De acordo com a testemunha, Mizael usou dois números de telefone distintos para ligar para Mércia e para Evandro na noite do crime. No período em que o carro do ex-policial esteve parado nas imediações do Hospital Geral de Guarulhos, as ligações foram feitas apenas pelo telefone "frio", como classificou o promotor. O investigador da Polícia Civil afirmou que Mizael fez, com este número, ligações nas proximidades das casas de Mércia e da avó da ex-namorada. "Chamou atenção porque mostrou uma incompatibilidade com o depoimento, que dizia que estaria parado. Pela minha experiência pessoal, essa movimentação é atípica. Principalmente a antena das 21h21, que é totalmente incompatível com a localização do carro, a 16 km de distância", disse Simoni Silva. "O carro estava parado pelo indicativo do GPS, e o celular me passa a ideia de movimento", completou.

O depoimento de Simoni Silva fechou o segundo dia do julgamento de Mizael, suspenso por volta das 21h35. O julgamento deve ser retomado às 9h de quarta-feira.