ASSINE
search button

Caso Bruno: acusação e defesa consideram 'valioso' 1º dia de júri

Compartilhar

O primeiro dia do julgamento do goleiro Bruno Fernandes e da ex-mulher dele, Dayanne do Carmo, acusados do homicídio de Eliza Samudio, foi considerado um sucesso tanto pela defesa quanto pela acusação. O júri começou nesta segunda-feira, no Fórum de Contagem (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte. Após oito horas de trabalhos e um depoimento da delegada Ana Maria dos Santos, o promotor Henry Vasconcelos afirmou que a fala da policial foi excelente.

"O depoimento dela foi muito valioso, sobretudo quando ela reafirmou que colocou muita verdade no depoimento do Jorge (Luiz Rosa, primo de Bruno). Ficamos contentes com o que ela falou e a estratégia da acusação já está pronta - aliás, desde o início mantemos", disse o promotor.

Durante todo o dia, na porta do Fórum, havia a especulação de que o ex-goleiro do Flamengo confessaria o crime, em um possível acordo entre defesa e acusação. Henry, porém, salientou que essa possibilidade não acontecerá. "Se ele confessar, vai ser por ele mesmo. Ele vai ser o único beneficiado pela lei. Assim como Macarrão, ele foi beneficiado, e não houve nenhum acordo", disse.

O promotor explicou ainda que a confissão de Bruno não é importante. "Se ele confessar, é bom somente para ele. O MP (Ministério Público) não precisa disso. As provas são fortes e são suficientes para incriminá-lo", afirmou.

Também contente com o dia de trabalhos estava o defensor de Bruno, Lúcio Adolfo, que excluiu qualquer possibilidade de acordo entre defesa e acusação. "Eu sou contra. O José Arteiro (advogado da família de Eliza e assistente da acusação) veio tentar um acordo, mas eu disse não. Tudo que for benéfico para o meu cliente será considerado. Se ele achar que deve revelar algo que ainda não sabemos, ele vai me comunicar e vamos avaliar e ver o que ele vai dizer", disse. "Fiquei contente com o depoimento dela (delegada Ana Maria dos Santos) e acho que vai ser valioso", afirmou o advogado.

Mãe de Eliza espera confissão de Bruno

Sônia de Fátima, mãe de Eliza Samudio, deixou o tribunal aparentemente cansada, mas muito confiante. Ela afirmou que espera uma confissão do goleiro. "Quero que ele quebre o silêncio. Ele tem que falar. Estamos aguardando isso", disse.

No início dos trabalhos, Bruno chorou e leu a Bíblia. Para Sônia, foi tudo mentira. "Isso é puro teatro. Eu não acredito", afirmou.

O caso Bruno

Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão.

Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado.

No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo. O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. O julgamento de Bruno e de Dayane Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi remarcado para 4 de março de 2013. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013.