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Bruno poderá se calar diante das perguntas da acusação  

Defesa deverá considerar o fato de que a acusação vai formular questões para incriminar o goleiro

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O goleiro Bruno Fernandes poderá não responder às perguntas da acusação em seu depoimento, previsto para esta quarta-feira, dentro de seu julgamento no qual é acusado pelo desaparecimento de sua ex-amante, Eliza Samudio. Um dos advogados de defesa, Lucio Adolfo, afirmou que ainda vai estabelecer a estratégia com seu cliente, mas que deverá considerar o fato de que a acusação vai formular questões para incriminá-lo.

"Essa possibilidade existe (de não responder). Se ele resolver calar, é um direito dele. Vocês acham que o promotor vai fazer perguntas para beneficiar o Bruno? Isso tem peso, e vou considerar isso na hora de definir qual estratégia será adotada", afirmou, em um dos intervalos do julgamento, que entrou, no fim da tarde, na fase de interrogação dos réus. A ex-mulher de Bruno, Dayanne do Carmo, está sendo ouvida.

Bruno vai falar amanhã, a partir das 13h. A expectativa é que seu depoimento seja longo, e que o goleiro faça revelações. Existe a possibilidade de ele confessar o crime, ou alguma participação, a fim de atenuar sua pena. A acusação vem sugerindo que Bruno faça isso, mas a defesa nega, com veemência, tal possibilidade.

Lucio Adolfo disse trabalhar com a hipótese de o resultado do julgamento sair apenas na quinta-feira. Segundo ele, a quarta-feira será preenchida basicamente com a posição do goleiro. No dia seguinte, seriam feitos os debates entre acusação e defesa, e logo em seguida, o júri se reuniria, e a juíza daria um veredicto.

>> Prima de Bruno ajudou a promotoria, afirma advogado   

O caso Bruno

Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.

Conheça as acusações e penas máximas possíveis contra os réus

Bruno 

Acusações: Homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio.

Pena máxima: 41 anos.

Dayanne

Acusações: Sequestro e cárcere privado do filho de Eliza Samudio.

Pena máxima: 5 anos.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães. 

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. 

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão. 

Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado. 

No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo.  O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. O julgamento de Bruno e de Dayane Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi remarcado para 4 de março de 2013. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013.