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Prefeito entrega documentos sobre Boate Kiss a parlamentares

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Enquanto as investigações sobre a tragédia da Boate Kiss estão sendo realizadas pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, deputados federais, estaduais e vereadores instalaram colegiados para acompanhar o inquérito. Na sexta-feira, o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, recebeu os representantes das comissões parlamentares externas da Câmara dos Deputados e da Assembleia Legislativa gaúcha, e da Comissão Representativa Provisória da Câmara Municipal.

Durante o encontro, ele apresentou a documentação relativa ao caso, onde constam legislações estaduais e municipais e boletins de vistorias e alvarás, detalhou os procedimentos da prefeitura relacionados à abertura de empresas e fiscalização, e explicou as ações do Poder Público municipal no socorro e amparo às vítimas. “Nós estamos no epicentro da tragédia. Isso amplia toda a ação. E a prefeitura está integralmente dedicada a todas as questões que envolvam essa tragédia”, disse Schirmer.

Não é só lei. Tem que mudar toda uma relação nacional que envolva as instituições públicas nos três níveis

Também foram discutidas mudanças nas leis federais e estaduais, principalmente, sobre atribuições e competências dos entes públicos. “Não é só lei. Se é que tem que mudar, não é só lei. Tem que mudar toda uma relação nacional que envolva as instituições públicas nos três níveis. Isso sim é recomendável”, salientou o prefeito. Para Schirmer, a tragédia tem que servir de lição para o País. “Agora, estamos preparando a reconstrução dos nossos sonhos, do nosso futuro e dos nossos lares”, sinalizou.

O coordenador da Comissão Parlamentar Externa federal, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), defende a normatização e regulamentação de legislações federais e estaduais. “Esta comissão tem dois objetivos: a elaboração de uma norma que possa regularizar e facilitar a fiscalização, e observar o que provocou e o que poderia ter sido feito para evitar essa tragédia”, explicou. Ao longo do encontro, o prefeito entregou cópias dos documentos apresentados aos deputados e aos vereadores.

Participaram da reunião os deputados federais Paulo Pimenta, Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS), Jerônimo Goergen (PP-RS), Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Ronaldo Zulke (PT-RS), o deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) e vereadores, além do deputado federal Pedro Uczai (PT-SC), que perdeu uma sobrinha na tragédia. Ele acompanhou a comissão federal, embora não faça parte oficialmente do colegiado.

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.