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Incêndio em boate no RS gerou o mesmo gás usado por nazistas

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O incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), que matou mais de 230 pessoas no último domingo, liberou a mesma substância tóxica usada por nazistas para matar judeus e outros prisioneiros nas câmaras de gás na Segunda Guerra Mundial. O cianeto - princípio ativo do pesticida Zyklon B, utilizado pelas tropas de Adolf Hitler - é um dos venenos mais letais que existem. 

Ele mata as células por impedir que elas produzam energia, disse o diretor médico do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Ceatox), Anthony Wong, ao jornal Folha de S. Paulo.

A queima dos materiais usados no isolamento acústico da Boate Kiss produziu cianeto junto com a fuligem e o monóxido de carbono. "Não tem cheiro nem cor e é capaz de matar em um prazo curtíssimo, de quatro a cinco minutos", disse o médico. 

"O gás é subproduto da combustão de materiais como espuma de poliuretano, usada em revestimentos baratos com finalidades acústicas", afirmou Wong. Alguns dos feridos no incêndio precisaram de tratamento com hidroxocobalamina, medicamento usado para combater a intoxicação por cianeto.

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada deste domingo em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo iniciou com um sinalizador lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos.