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Delegado: sinalizador mais barato contribuiu para incêndio na boate Kiss

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A economia de menos de R$ 70 teria contribuído para a dimensão da tragédia que matou 235 jovens na boate Kiss, na cidade gaúcha de Santa Maria. Na madrugada de domingo, a danceteria pegou fogo durante uma festa. Segundo o delegado Marcelo Arigony, os sinalizadores que provocaram o incêndio eram inadequados para lugares fechados. A banda optou por usar um artefato que custa R$ 2,5, quando o correto seria utilizar outro, que custa R$ 70 (esse sim, próprio para ambientes fechados). 

Além deste problema, a Polícia Civil e o Ministério Público constataram uma série de outros problemas encontrados na danceteria, nos dois primeiros dias de investigação. O alvará sanitário da casa noturna venceu há quase um ano, em 31 de março, e o do Plano de Prevenção Contra Incêndio venceu em 10 de agosto. Os extintores não funcionaram e não foram encontrados sinalizações luminosas de saída em funcionamento. Foram feitas reformas internas sem embasamento na lei. A espuma que forrava o teto era altamente inflamável, contrariando as normas técnicas.

Apesar dos alertas, o delegado Arigony adotou uma postura de cautela e ponderou que apenas as investigações e os trabalhos da perícia poderão constatar o que teria ocorrido na madrugada do último domingo.

"Constatamos um série de irregularidades preliminarmente e a boate não deveria estar funcionando. Se houve negligência de uma outra força pública ou de quem quer que seja apenas a investigação e a perícia poderão nos dizer isso. Encaminharemos toda documentação ao MP", disse o delegado Arigony.

O promotor Cesar Augusto Carlan esclareceu que ainda não existem provas definitivas para dizer onde houve a falha. Os trabalhos poderão apontar se houve falha da prefeitura, falta de fiscalização ou se o poder público agiu à revelia e se, até mesmo, contribuiu para essa tragédia.

Já foram ouvidas, até o momento, 44 testemunhas e realizadas cinco ações de busca e apreensão. É com base nesses documentos que se pretende estabelecer quem são os verdadeiros donos do estabelecimento, ainda não totalmente identificados. O promotor Carlan adiantou que o MP estuda o indiciamento dos presos por homicídio culposo, ou com dolo eventual, quando o autor assume o risco de matar ao agir com extrema negligência.