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PGR não vê como provar envolvimento de Lula no Mensalão

“Valério queria melar o julgamento”, diz Roberto Gurgel

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O procurador Roberto Gurgel afirmou, em entrevista a Felipe Seligman e Matheus Leitão, da Folha de S.Paulo, não ter encontrado o mínimo de elementos que pudessem provar a participação do ex-presidente Lula na ação penal 470, conhecida como mensalão. Ele acredita que este caso deverá ser remetido a análise na primeira instância. “Precisaria de prova mais que robusta, porque seria uma irresponsabilidade denunciar um presidente. É muito mais difícil", avaliou o PGR.

Segundo ele, o publicitário Marcos Valério queria obter vantagens, como a redução de penas, ao prestar o depoimento em setembro quando acusou Lula de ter se beneficiado pessoalmente com os recursos do esquema. Para o procurador, a intenção real de Valério era a de “melar” o julgamento, se houvesse concordância em admitir qualquer prova adicional. A tentativa acabaria favorecendo todos os réus, acredita.

O PGR lembra ainda que Valério pediu sigilo, alegando que não teria mais de 24h de vida caso o depoimento se tornasse público. De acordo com Gurgel, em depoimento de duas horas, o publicitário trouxe elementos novos, “mas nada de bombástico”, sublinhou. “Foi um depoimento que robustece algumas teses do Ministério Público em relação a todo o esquema criminoso e da participação do núcleo político", acrescenta. Gurgel destacou, porém, que o mensalão permitiu que fosse responsabilizado todo um grupo que dominava o partido

O procurador recorda de outra história de Valério, que corrobora a habilidade do publicitário: “Quando Antonio Fernando era o procurador, se propôs a prestar um depoimento que derrubaria a República. Não havia absolutamente nada".