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FHC diz que País precisa de sacudida forte e critica postura de Dilma Rousseff

"Estamos todos vendo que o rei está nu. E temos medo de dizer que o rei está nu", desabafou

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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) fez duras críticas ao governo e o momento político e econômico do Brasil durante almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) nesta quarta-feira (19). Ele criticou a postura da presidente Dilma Roussef, que classificou como autoritária, a relação do brasileiro com o judiciário e também as mudanças na Lei do Petróleo. 

"Estamos vivendo como nos anos 70. O governo toma uma decisão, publica e não há conversa com a sociedade, não há discussão. Precisamos de uma nova sacudida forte", analisou. Para FHC, a atual presidente tem "boas intenções", mas uma vontade de grandeza muito maior do que o possível. "Ela fala que vai construir 800 aeroportos, eu quero só 3!", afirmou.  

A construção do trem bala também foi citada como exemplo da falta de comunicação entre o Planalto e a população. "Precisamos? É necessário? Não estou dizendo nem que sim nem que não, mas não estamos discutindo o assunto. Precisamos voltar a falar sobre os temas de importância nacional, sobre o futuro", analisa. 

"Estamos todos vendo que o rei está nu. E temos medo de dizer que o rei está nu. Um dia o povo vai dizer que o rei está nu, e nos enganou". Apesar das duras críticas, ele frisou que a expressão não é uma mensagem direta a nenhuma outra autoridade. "Eu não faço insinuações. Disse metaforicamente que as coisas estão erradas, estão vendo, e fingem que não estão. Não foi pessoal", observou. 

Lei do Petróleo 

As mudanças na Lei do Petróleo, após a descoberta do pré-sal, também foi criticada pelo ex-presidente. Para ele, há uma discussão exacerbada sobre os royalties, sem se pensar primeiro como o petróleo será efetivamente explorado. "Estamos falando muito sobre os royalties, mas como exploraremos o petróleo? Como será feita?", afirmou.

O ex-presidente é enfático em relação as mudanças na redistribuição dos royalties. "Sou contra a quebra de contrato". Ainda assim, fez questão de mostrar sua insatisfação com a forma como a Petrobras tem sido conduzida no atual cenário. "Não é possível, nem devíamos, manter a Petrobras alheia ao mercado. Ela precisa competir", comentou.

Judiciário

Um dos entraves para o desenvolvimento do país é a relação da população com o sistema Judiciário brasileiro, ainda "muito lento", segundo Cardoso. "Somos um país que ainda tem pouca igualdade formal perante a lei. Vemos a última semana, um julgamento parou o país, porque era de 'peixe grande'. Mas este tipo de julgamento deveria ser comum, não um acontecimento", criticou.

E finalizou: "não vamos nos enganar mais, vamos falar com franqueza, com sinceridade, e assim vamos ajudar a conduzir um Brasil melhor para todos nós".