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Damous: Congresso deveria criar mercado para bacharéis e não acabar com Exame

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Os cinco milhões de bacharéis em Direito que se formaram ao longo dos anos nas faculdades brasileiras, mas não conseguem passar no Exame de Ordem, deveriam entrar no mercado de trabalho com a figura do "paralegal", ou seja, teriam direito de se inscrever na OAB e atuariam como uma espécie de assistentes dos advogados. A proposta é do presidente da Seccional da entidade no Rio de Janeiro, Wadih Damous, acrescentando que essa figura já existe e funciona com sucesso no modelo jurídico dos Estados Unidos. Atualmente, o Brasil tem 700 mil advogados inscritos regularmente na OAB.

Damous lembrou que inúmeros bacharéis de direito que não conseguem aprovação no exame desejam apenas uma oportunidade de trabalho até que consigam se qualificar para de fato exercer a advocacia. "O 'paralegal' seria a opção ideal para acabar com o limbo em que se encontram esse bacharéis, dando-lhes status jurídico, com a possibilidade de inscrição na OAB sob tal designação", afirmou o presidente da Seccional.

Sobre o Projeto de Lei no 2.154/2011, que prevê o fim do exame para os advogados, Damous afirmou que ele merece críticas no que diz respeito à intenção que lhe deu origem. "É mais do que evidente o propósito político-eleitoral, bem como de acerto de contas pessoal por trás da proposta. Não bastassem tais propósitos espúrios, a proposta em si é antirrepublicana e capaz de causar graves prejuízos a toda a sociedade brasileira".

De fato - disse Damous - a aprovação no Exame de Ordem vem se mantendo, há algum tempo, em percentuais baixos mas a culpa não é dos candidatos. "Eles são vítimas de um ensino superior deficiente, que mais se importa com quantidade do que com a qualidade. Trata-se de verdadeiro estelionato educacional", frisou. Assim, faz mais sentido afirmar que aqueles que não obtiveram a desejada aprovação no Exame da Ordem deveriam dirigir suas reclamações ao sistema de ensino como um todo, que não lhes forneceu a base necessária, lembrou o presidente da OAB.

As estatísticas apontam a existência de cerca de cinco milhões de bacharéis no Brasil, potenciais candidatos à inscrição dos quadros da OAB. Os atuais 700 mil advogados já colocam o Brasil no ranking dos três países com maior número desses profissionais, tanto em números absolutos quanto per capita, ao lado de Estados Unidos e Índia. "Extinto o Exame, o Brasil dispararia na frente", destacou Damous.

"Isto não significa apenas prejuízo para o mercado da advocacia, que já não oferece condições dignas de trabalho aos advogados atualmente inscritos. Mas perderá, sobretudo, a sociedade, caso tenha que se valer de um profissional inserido em um mercado que se tornaria predatoriamente competitivo, com tantos profissionais disputando o mesmo espaço. Sem dúvida, a qualidade também cairia verticalmente", concluiu o presidente da OAB-RJ.