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Mensalão: em carta a amigos, Kátia Rabello diz que sente medo 

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Principal acionista do Banco Rural, condenada por unanimidade no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta, a banqueira Kátia Rabello divulgou uma carta entre amigos em que diz estar com medo do que possa acontecer ao final do julgamento do mensalão. 

"A semana passada estive muito mal. O cansaço e a desesperança se abateram sobre mim. Sei do risco que corro e é claro que sinto medo", escreveu na mensagem. Mesmo podendo ser presa por mais de oito anos em regime fechado, Kátia não cita a palavra prisão. Ela ainda será julgada por formação de quadrilha. 

No documento, ela diz ter vivido "momentos terríveis" após a morte de José Augusto Dumont, ex-vice-presidente do Rural apontado por seu advogado, José Carlos Dias, como elo entre o banco e o PT. Dumont morreu em 2004, em um acidente de carro. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Os ministros do Supremo derrotaram a tese de Dias, que culpa Dumont, e imputaram a responsabilidade pelos empréstimos de R$ 31 milhões do Rural, feitos a agências de Marcos Valério e ao PT, a Kátia Rabello e aos executivos que ela contratou. 

"Essa sensação de impotência é que nos faz perder a razão de viver", escreveu ela, que diz ter buscado apoio em Deus e no estímulo dos amigos. Para ela, "a vida é dura demais". Kátia diz conviver com um sentimento de "injustiça" após a condenação. 

"Lá no fundo, cada um de nós sabe o que fez e o que não fez... Por isso estou em paz", relata. Segundo ela, houve momentos de "desespero" entre os anos de 2004 e 2005, época em que banco foi abatido por três crises. 

A primeira foi causada pela quebra do Banco Santos. Com a derrocada, muitas empresas fugiam de bancos médios temendo insolvência. "Felizmente, pude honrar todos os compromissos", diz. A segunda foi causada pelo mensalão. E a última pela morte do pai e da irmã.