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Pagot indica à CPMI aprofundar denúncias de documento apócrifo 

No esquema denunciado há  politicos, servidores do Dnit, da Presidência da República e empreiteiras

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No depoimento à CPMI do Cachoeira nesta terça-feira (28), o ex-diretor do departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Luiz Antônio Pagot indicou como caminho para os parlamentares da comissão seguirem a investigação de um esquema que envolveria sete políticos de Goiás, quatro servidores do Dnit, dois da presidência da República, um do Ministério do Planejamento, quatro “arrecadadores”, a Federação das Indústrias do Estado de Goiás e 15 empresas, entre elas a Delta.

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O esquema denominado “Cachoeira de Donativos”, é denunciado em um documento apócrifo que foi encaminhado à Procuradoria Geral da União, órgão da Advocacia Geral da união (AGU) por um autointitulado Movimento Brasil Ficha Limpa, cuja única identificação é o numero de uma Caixa Postal em Brasília. A AGU enviou esta denúncia à CPMI em julho.

Coube ao senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) apresentar o “documento” a Pagot que já o conhecia e, inicialmente, o considerou “coerente e racional”. Diante de uma segunda cobrança do senador, o ex-diretor do Dnit alertou que “os dados precisam ser investigados” e considerou que “este é um caminho de investigação muito interessante. Eu sugeriria até que este caminho de investigação fosse aprofundado”.

Segundo o documento o esquema “equivale a uma bolsa de apostas, a um jogo, aonde agentes públicos com o poder de decisão ou capazes de influenciar decisões, associados a bandidos ou capturados por máfias, vendem contratos públicos de obras e serviços, como numa bolsa de apostas de um mercado futuro. O empreiteiro interessado adquire uma determinada opção, ou seja, um lote de uma licitação futura a qual prevê um contrato administrativo com indicação de uma margem de lucro”.

Diz ainda o texto que “a bolsa de apostas para funcionar cobra taxas antecipadas para o custeio operacional e durante a realização do lucro cobra percentuais em cima dos valores contratuais recebidos mensalmente e com estes recursos alimentam a estrutura de poder da quadrilha e desenvolvem novos negócios para a venda de novos contratos”.

A denúncia, que o senador Randolfe deseja que seja investigada pela CPMI. Ele citou os nomes dos envolvidos na denuncia, que o Jornal do Brasil deixa de fazê-lo por ainda se tratar de uma denúncia anônima, que não passou por nenhum crivo de investigação. Ou seja, pode ainda não se confirmar.

A denuncia anônima, porém, cita obras já realizadas em Goiás, como 270 quilômetros na BR-060, que teria rendido R$ 75 milhões em propinas, sendo R$ 37 milhões para políticos da bancada do esquema, e outras três parcelas de R$ 12,5 milhões, para servidores do Dnit de Goiás, servidores do Governo Federal e a dupla Carlinhos Cachoeira e Claudio Abreu, diretor da Delta.

São citadas outras quatro obras que teriam funcionado dentro do esquema “Cachoeira de Donativos”, envolvendo obras que obtiveram recursos por meio de emendas parlamentares, tais como ocorriam com a compra de ambulâncias superfaturadas investigadas na CPMI dos Sanguessugas, em 2006. O documento fala ainda de quatro obras de recapeamento asfálticos com editais já lançados e que já estariam todas distribuídas entre empresas do esquema.

Tanto o senador Randolfe, como o deputado Mira Teixeira (PDT-RJ), que participa da CPMI como líder do PDT, entendem que a comissão deve detalhar este possível esquema para tentar confirmar a sua veracidade. O Relator da CPMI, Odair Cunha (PT-MG), porém, nada comentou na sessão.