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Governo não deverá atender reivindicações dos servidores em greve 

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Às vésperas de uma possível proposta de reajuste para os servidores federais em greve, o governo já sinaliza que não será generoso na oferta a ser feita neste mês. A área econômica está fazendo as contas e teme que o gasto com a folha de pagamento reduza o poder de fogo nos investimentos, prejudicando do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), que já está crescendo em ritmo lento.

No início da onda de greves, o governo dizia que não seria possível conceder aumentos salariais nem no ano que vem. Agora, já considera ceder à pressão dos sindicatos. As centrais sindicais se queixam da falta de receptividade do governo.

"Não tem negociação, até agora 21 categorias em greve e (o governo) colocou proposta só para docentes e técnicos administrativos. O que (o governo) verbalmente diz, é que na próxima semana vai chamar os setores para dialogar", explica o dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Pedro Armengol.

O representante da CUT nega que, ao se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os sindicalistas tenham pedido alguma intermediação com a presidente. "Nunca tivemos nenhum tipo de queixa ao Lula", disse Armengol. De qualquer maneira, após a visita da presidente Dilma Rousseff ao seu antecessor, em São Paulo, o Planalto parece mais flexível à demanda dos grevistas.

Nas primeiras semanas de greve, o governo chegou a cortar o ponto dos dias parados. Segundo um interlocutor próximo a Dilma, greve sem corte de ponto é férias.

Alinhados aos governos do PT, os sindicalistas ponderam que o posicionamento ideológico não impede as paralisações. "Apoiamos Lula e Dilma por conta de projeto (de governo) e entendemos que o projeto era melhor que o passado. Não significa que temos condicionamento que não podemos criticar nem cobrar o governo. No momento de defender a pauta dos trabalhadores, sempre trabalhamos", disse Pedro Armengol.

O movimento grevista

Iniciados em julho, os protestos e as paralisações de servidores de órgãos públicos federais aumentaram no mês de agosto. Pelo menos 25 categorias estão em greve, tendo o aumento salarial como uma das principais reinvindicações. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), o movimento atinge 28 órgãos, com 370 mil servidores sem trabalhar. O número, no entanto, é contestado pelo governo.

Estão em greve servidores da Polícia Federal, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Arquivo Nacional, da Receita Federal, dos ministérios da Saúde, do Planejamento, do Meio Ambiente e da Justiça, entre outros. O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) informou que dez agências reguladoras aderiram ao movimento.

O Ministério do Planejamento declarou que está analisando qual o "espaço orçamentário" para negociar com as categorias. O governo tem até o dia 31 de agosto para enviar o projeto de lei orçamentária ao Congresso Nacional. O texto deve conter a previsão de gastos para 2013.

No dia 25 de julho, a presidente Dilma Rousseff assinou decreto para permitir a continuidade dos serviços em áreas consideradas delicadas. O texto prevê que ministros que comandam setores em greve possam diminuir a burocracia para dar agilidade a alguns processos, além de fechar parcerias com Estados e municípios para substituir os funcionários parados.