ASSINE
search button

Há 13 anos, greve de 700 mil caminhoneiros parou o Brasil

Inexpressivo líder de sindicato organizou manifestação que paralisou as estradas

Compartilhar

Há 13 anos, uma paralisação nos moldes da que se iniciou no último domingo (29) parou o país. Mesmo depois de algumas reuniões entre o líder do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Nélio Botelho, e o então presidente Fernando Henrique Cardoso, não houve negociação e a paralisação só terminou quando FHC ameaçou usar as Forças Armadas para garantir a livre circulação nas rodovias brasileiras.

"O governo tomou a decisão de manter a livre circulação das estradas e, se preciso, com o uso da força militar", dizia trecho do comunicado divulgado pelo porta-voz da presidência em julho de 1999. 

Ao contrário da greve iniciada este ano, as negociações em 1999 avançaram mais rapidamente e, apenas três dias após o início da paralisação, os grevistas concordaram em liberar o transporte de alimentos e combustíveis. Era grande a ameaça de desabastecimento de alimentos em todo o país. 

Em menos de uma semana de greve, que mobilizou cerca de 700 mil caminhoneiros, a categoria teve atendida a maior parte das reivindicações postas na mesa para o governo federal: o preço do óleo diesel que subiu 37% de janeiro a junho daquele ano foi momentaneamente congelado. O governo também ordenou o congelamento das tarifas do pedágio, além de fixar o prazo máximo de 60 dias para a desativação das balanças que pesavam caminhões e multavam os que ultrapassassem o limite de carga.

>> Leia: "Caminhoneiros acertam uma trégua", de 28 de julho de 1999

>> Leia: "FH dá ultimato a caminhoneiros", de 29 de julho de 1999

Na reta final da paralisação de 99 veio à tona a participação das empresas no movimento grevista. Conforme divulgado na ocasião, donos de postos de gasolina, além da Michelon, maior transportadora da América Latina, com 600 caminhões-frigorífico, foram os organizadores de toda a agenda do movimento. A empresa tinha estreita ligação com o presidente da União Brasil Caminhoneiros. 

Durante a greve, o gerente da Michelon no Rio, Jorge Célio Gomes da Silva, atuou como segurança, secretário, além de agente de viagens de Botelho. 

De acordo com matéria do Jornal do Brasil publicada no dia 30 de julho de 1999, se a greve se prolongasse por mais três dias, todos os aeroportos, não apenas os de Foz do Iguaçu e de Viracopos, paralisariam suas atividades por falta de combustível. O aeroporto do Galeão, no Rio, que tem duto próprio com uma refinaria, seria um dos poucos que continuaria funcionando.

Para fechar o acordo foi decisiva a intervenção do hoje senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que tem um relacionamento muito estreito com Nélio Botelho. Dornelles foi a Brasília para concluir as negociações.