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Juiz diz que mulher de Cachoeira o ameaçou com dossiê 

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Na suposta de tentativa de suborno, na última quinta-feira, a mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, teria informado ao juiz da Operação Monte Carlo, Alderico Rocha Santos, a existência de um dossiê contendo informações desfavoráveis ao magistrado. O material seria publicado pelo jornalista Policarpo Júnior na revista Veja. Se o juiz concedesse liberdade ao contraventor e o absolvesse das acusações ofertadas pelo Ministério Público, Andressa teria dito que poderia evitar a divulgação do material.

O conteúdo da suposta corrupção ativa pela mulher de Cachoeira ao magistrado Alderico consta na decisão do juiz federal Mark Yshida Brandão, diretor do Foro da Seção Judiciária de Goiás, que foi publicada na página da Justiça Federal goiana no início da tarde desta segunda-feira.

>> Leia aqui a decisão do juiz 

>> Mulher de Cachoeira tem 3 dias para pagar fiança de R$ 100 mil

Hoje pela manhã, Andressa foi ouvida na Delegacia da Superintendência da Polícia Federal de Goiânia, onde prestou esclarecimentos sobre a suposta oferta de propina ao juiz Alderico. A Justiça decidiu que ela terá três dias para pagar uma fiança estipulada em R$ 100 mil, que seria um "gesto de boa-vontade" de que Andressa não irá fugir.

"Ela pode ficar presa em caso de descumprimento de uma das duas determinações cautelares determinadas pela Justiça. Ela está proibida de entrar em contato, inclusive por telefone, com qualquer um dos investigados pela Operação Monte Carlo", explicou o delegado.

Se for indiciada e condenada por corrupção ativa, Andressa poderá pegar de dois a 12 anos de prisão, além de pagar multa. Na casa onde vive a mulher de Cachoeira foram apreendidos dois computadores e dois tablets que serão periciados.

Carlinhos Cachoeira 

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.