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Técnico suspeita de interesses políticos na decisão da Anatel

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A decisão da Anatel de suspender as vendas da operadora de celulares Tim em 19 unidades da federação continua repercutindo entre os técnicos do setor e já há quem suspeite de interesses escusos por detrás das medidas.

Tiago Nunes da Costa, diretor da consultoria de telecomunicações Evolucomm, que há mais de 20 anos atua como técnico neste setor, classifica a decisão como “política” e questiona os motivos que levaram a Agência a atingir duramente apenas a operadora controlada pelos italianos.

“A decisão foi muito política, e não técnica, considerando que a Vivo não foi punida, mas tem problemas de cobertura e atendimento. Por quê não entrou?”, questionou.

Na sua avaliação, se o desempenho fosse medido com a mesma metodologia, todas as empresas seriam punidas.

Ele também levanta a hipótese de manipulações no concorrido jogo do mercado de ações, dada a queda no preço do papel da operadora, cujos papéis ordinários na quinta-feira caíram 8,77% e na sexta-feira continuaram em baixa, desvalorizando-se 1,04%, fechando o dia cotados em R$ 8,54.

“Existem indícios de uma possível manipulação de preços das ações. Alguém pode estar se favorecendo deste movimento”, alega.

As ações das operadoras que têm capital aberto na Bolsa de Valores de São Paulo encerraram o pregão desta sexta-feira (20) com sinais mistos. Os papéis da Vivo, cujos ativos são representados pela Telefonica, fecharam em alta de 5,03%. Os papéis ordinários e preferenciais da Oi também avançaram, 0,90% e 0,31%.

Já os ativos ordinários e preferenciais da Tim recuaram 1,04% e 0,51%, respectivamente, ampliando a perda da empresa no mês.

Anatel

Ao insistir na falta de critérios técnicos, o diretor da Evolucomm lembrou que na composição da diretoria da Anatel prevalecem as indicações políticas. “Nos últimos anos saíram muitos técnicos e entraram muitas pessoas com indicações políticas”, contou.

Sem defender as operadoras, o técnico também admite que elas encontram dificuldades na prestação de seus serviços.

“Os clientes não fazem ideia dos problemas que as operadoras têm com sinal e para instalar antenas. Existe a burocracia e a dificuldade em renovar a tecnologia que acabam prejudicando o sinal. É impossível que as operadoras tenham 100% de sinal, há muitos pontos de sombra”, detalhou.

Os pontos de sombra são espaços onde a cobertura de uma operadora é fraca. Segundo Costa, não há lei que defina um critério sobre a quantidade de áreas de sombra que cada empresa pode ter em seu mapa de cobertura. Ele apontou que isso permite ao Procon punir as companhias sem o rigor adequado.

Comunicado

Em comunicado, divulgado na noite desta sexta-feira, a Tim afirmou que voltará a se reunir com a Anatel na próxima semana, em Brasília, para apresentar um plano de melhorias na qualidade de seus serviços. Ainda, confirmou que entrou com mandado de segurança contra a suspensão da Anatel nesta sexta-feira.

Na nota, a Tim também informa que investirá “cerca de R$ 3 bilhões” em rede em 2012.