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CPMI adia convocação de Fernando Cavendish e Luiz Antônio Pagot

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A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira decidiu por 16 votos a 13 adiar a convocação do dono da empresa Delta Construções, Fernando Cavendish. Os integrantes da CPI também decidiram adiar a convocação de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Dnit.

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A proposta de adiamento foi feita pelo relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG). Ele argumentou que os dados da Delta ainda não foram analisados e que ainda não há elementos para a convocação.

A Delta é apontada pela Polícia Federal como um dos principais braços do esquema de corrupção do contraventor Carlinhos Cachoeira.

A decisão é uma forma de blindar o governador do Rio, Sérgio Cabral, que teria íntimas ligações com Cavendish, reveladas recentemente através de fotos em que os dois aparecem em viagens à Europa. A estreita relação da Delta com o governador do Rio também veio à tona no episódio da queda de um helicóptero na Bahia, em junho de 2011. Antes do acidente, o governador almoçou com o empresário, a família dele e os convidados no Villa Vignoble Terravista Resort, em Trancoso. De lá, o grupo começou a ser levado de helicóptero para o Jacumã Ocean Resort, a 15 km. Como eram muitas pessoas, foi preciso fazer mais de uma viagem. O acidente aconteceu com o segundo grupo, quando chovia e havia forte neblina.

Miro Teixeira critica decisão de adiar depoimento de Pagot e Cavendish 

O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) criticou duramente a decisão da CPMI de adiar a convocação de Fernando Cavendish e Luiz Antônio Pagot. "Que medo pode existir em torno do depoimento dessas duas pessoas?", indagou Miro.

O parlamentar afirmou que o ex-diretor do Dnit poderia ser ouvido informalmente em outra sala do Senado, em uma sessão presidida pelo senador Pedro Simon. "Que resposta podemos dar depois destes resultados de hoje? Esta comissão fica sob suspeita, sim", acrescentou.

"Não estamos aqui para saber se Carlos Cachoeira é bicheiro. Todo mundo já sabe que ele é. Antes de se meter com políticos corruptos, ele tinha vida boa. A CPI se recusa a convocar o presidente de uma companhia que o governo declarou inidônea. Isto é uma tropa de cheque", criticou Miro.

"Não dá para brincar com a esperança das pessoas", diz Sílvio Costa

O deputado Sílvio Costa, que integra a base governista, também se posicionou contrário ao adiamento da convocação de Cavendish e Luiz Antônio Pagot. "Como cidadão e como político não concordo com o equívoco deste tamanho. Quero dizer que o PSDB, que tem tentado politizar esta comissão, adotou uma postura decente ao defender a convocação de Pagot, após ele ter denunciado que o ex-governador José Serra recebeu dinheiro", afirmou.

"A partir de agora não sei mais quem quer investigar e politizar. Eu quero investigar, mas não dá para brincar com a esperança das pessoas. A política, acima de tudo, é construção da cidadania todo o dia. Não se pode construir um país decente com essa atitude. Votei contra o relator", concluiu.

Delta em crise

Em crise desde que a Operação Monte Carlo revelou as ligações de executivos da construtora com Cachoeira, a Delta protocolou no início deste mês, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o pedido de recuperação judicial - instrumento jurídico usado por empresas em dificuldades financeiras e anteriormente chamado de concordata.

Licenciado da presidência do Conselho de Administração da Delta desde o dia 25 de abril, Cavendish vai permanecer afastado do comando da empresa enquanto durar seu processo de reestruturação.

A Delta é uma das principais empreiteiras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e se diz vítima de "bullying empresarial".

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que também propôs a convocação, disse que Cavendish é "uma das estrelas do esquema de corrupção" montado por Cachoeira. Dias afirmou também que a quebra dos sigilos de Cavendish é imprescindível e inadiável.

Antes, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações criminosas de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e de e-mails dos governadores de Goiás, Marconi Perillo, e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, nos últimos dez anos.

O requerimento referente a Perillo foi o primeiro aprovado na reunião que está sendo realizada na manhã desta quinta-feira. Os dois governadores já haviam autorizado a abertura desses sigilos nesta quarta-feira (13).

E o presidente da CPMI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que o requerimento apresentado por quatro deputados do PSDB para a convocação da presidente Dilma Rousseff é irregular e não será votado. O senador explicou que a comissão não tem poderes para convocar presidente da República.

O requerimento foi assinado pelos deputados Carlos Sampaio (SP), Fernando Francischini (PR), Domingos Sávio (MG) e Vanderlei Macris (SP). Eles dizem que a empreiteira Delta doou R$ 1 milhão para a campanha eleitoral da presidente e que essa doação “esconde interesses escusos”.

Os deputados anunciaram a intenção de transformar o requerimento de convocação em pedido de informações.