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Ex-diretor do DNIT: 'Todos sabiam que o Rodoanel financiava a campanha do Serra"

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Em uma longa entrevista à revista Istoé, o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot, denunciou o que seria o submundo das eleições presidenciais de 2010. Ele afirmou que a campanha do tucano José Serra teria sido financiada por recursos desviados da obra do Rodoanel, em São Paulo, e que teria sido aconselhado por lideranças petistas a procurar empreiteiras para conseguir doações à candidatura de Dilma Rousseff.

Segundo Pagot, o ex-diretor da empreiteira Dersa, Paulo Preto, pediu um aditivo de R$ 260 milhões para o trecho sul do Rodoanel, obra de infraestrutura na Grande São Paulo, a pedido de líderes tucanos. Para o ex-diretor do DNIT, o dinheiro era para grandes decanos do PSDB:

“Veio procurador de empreiteira me avisar: ‘Você tem que se prevenir, tem 8% entrando lá.’ Era 60% para o Serra, 20% para o Kassab e 20% para o Alckmin”, dispara.

Ele ainda afirmou categoricamente que o desvio de verbas da obra para o caixa 2 da campanha de José Serra era amplamente conhecido nos meios empresariais.

"Todos os empreiteiros do Brasil sabiam que o Rodoanel financiava a campanha do Serra".

Tesoureiro do PT pediu para arrecadar recursos, garante Pagot

As denúncias de Luiz Antonio Pagot respingam também na campanha da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, o então tesoureiro da campanha petista, o deputado José De Filippi (SP), teria o pedido para procurar empreiteiras de grande e médio porte, a fim de arrecadar doações legais para o partido, usando sua influência enquanto diretor de um órgão que administra bilhões em obras públicas.

“Cada um doou o que quis. Algumas enviavam cópia do boleto para mim e eu remetia para o Filippi. Outras diziam ‘depositamos’”.

Pagot apontou, com base na lista de doadores de campanha do PT, 15 empresas que teriam sido cooptadas por ele: Carioca Engenharia, Concremat, Construcap, Barbosa Mello, Ferreira Guedes, Triunfo, CR Almeida, Egesa, Fidens, Trier, Via Engenharia, Central do Brasil, Lorentz, Sath Construções e STE Engenharia.

Questionado sobre a moralidade de um administrador público procurar empresas para conseguir doações de campanha, ele respondeu com agressividade:

"Ora, qual agente público, ministro que nunca fez isso em época de eleição? Essa porra toda que você tá vendo aí é culpa do financiamento de campanha", questiona.

CPMI do Cachoeira: "Muitos têm medo do que eu posso contar"

Pagot adota um discurso desafiador quando a CPMI que investiga os tentáculos da quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira entra em pauta. O ex-diretor do DNIT se coloca à disposição da comissão, mas desdenha de seus participantes:

"Duvido que me chamem. Muitos ali têm medo do que posso contar", argumenta.