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"Estamos perguntando para uma múmia", diz senadora sobre silêncio de Cachoeira

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Irritada com o silêncio do bicheiro-empresário Carlinhos Cachoeira durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito na tarde desta terça-feira (22), a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) esbravejou diante do direito de Cachoeira de "permanecer calado".

"Estamos perguntando para uma múmia. Um cidadão que não quer responder. O que as pessoas em casa vão falar de nós? Nós estamos aqui para trabalhar. Não vou ficar aqui dando ouro para bandido. Fazendo as perguntas para ele ficar sabendo o que deverá esclarecer. Não ganhamos para fazer papel de bobo para este chefe de quadrilha sentado ali. Sugiro encerrarmos esta sessão.", disse a senadora.

A sessão foi encerrada após 2 horas e 30 minutos. Durante o depoimento, o contraventor afirmou que não responderia às perguntas dos membros da comissão, conforme orientação de sua defesa, mesmo em uma sessão secreta. Ela foi acompanhado de seu advogado, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.

Cachoeira pode ser novamente convocado a depor na CPI. O deputado federal Odair Cunha (PT-MG), relator da Comissão, propôs que, depois da oitiva da tarde desta terça-feira, a comissão vote nova convocação do bicheiro.

Baseado nas declarações do próprio Carlos Augusto Cachoeira, que no início da sessão afirmou que teria muito a contar, mas que faria isso somente após prestar depoimento à Justiça do Estado de Goiás, Cunha prometeu colocar a reconvocação ainda nesta terça-feira(22). O advogado do bicheiro, Márcio Tomaz Bastos, informou que seu cliente irá depor entre os dias 31 de maio e 1º de junho em Goiás.

Perguntas sem resposta

O primeiro a falar foi o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Diante da negativa de Cachoeira em responder, ele desistiu de continuar as perguntas. Em seguida, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) exigiu a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Mais cedo, diante do silêncio de Cachoeira, Francischini se exaltou: "aqui não tem um monte de palhaços". Depois, o deputado Filipe de Almeida Pereira (PSC-RJ), questionou se Cachoeira cogitava a delação premiada, o que o bicheiro se recusou a responder.

Em seguida, o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) disse à Cachoeira: "parodiando o que aconteceu aqui esta semana, nós não somos teu", em referência à mensagem de celular enviada do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) ao governador do Rio, Sérgio Cabral, flagrada pela câmera do SBT.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) se absteve de fazer perguntas diante da postura de Cachoeira em não se pronunciar, e partiu para o ataque, classificando o contraventor de "marginal que sai da (penitenciária da) Papuda e mantém-se com a arrogância dos livres". Em seguida, o senador Randolfo Rodrigues (Psol-AP) fez diversas perguntas a respeito das relações de Cachoeira com a empreiteira Delta. Depois, questionou o contraventor a respeito de sua relação "muito próxima" com sua ex-mulher, citando uma série de grandes depósitos para ela e perguntando se as transferências de dinheiro eram uma "gentileza de ex-marido". "(Fico) calado, senhor", se limitou a responder o bicheiro.

O deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ) discordou dos colegas que afirmaram a inutilidade da sessão e afirmou que o silêncio "cínico e desrespeitoso" de Cachoeira era uma "confissão de culpa".

Com Portal Terra