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SP: protesto no Ibirapuera pede veto total ao Código Florestal

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Na semana decisiva do Código Florestal, em que a presidente Dilma Rousseff (PT) deverá sancionar ou vetar o novo texto aprovado pelo Congresso, centenas de pessoas vestiram o verde neste domingo e foram ao parque do Ibirapuera, na capital paulista, protestar contra a aprovação da nova legislação. A manifestação foi organizada pela Fundação SOS Mata Atlântica e tinha a presença de mais de 1,5 mil manifestantes. O mote da campanha, além do "Veta tudo, Dilma", frase alardeada pelas redes sociais, era "Floresta faz a diferença". Em cima do caminhão de som, na praça do Monumento às Bandeiras, membros da fundação, manifestantes e políticos tomavam a palavra para pedir à presidente que vete totalmente o projeto do Código Florestal.

"As mudanças não só prejudicam a nossa biodiversidade como têm por trás uma visão agrário-exportadora, que visa ao lucro imediato e reprimariza a economia do País", afirmou o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP), após discursar para o público. "O governo brasileiro deu espaço para crescer a uma bancada ruralista que atua muitas vezes contra o interesse nacional. Ou a presidência veta esse projeto, ou cede aos ruralistas e à governabilidade que vai levar o País pra trás", afirmou.

Outro que estava atuante contra o atual texto do código era o ator Vitor Fasano. "O Brasil não pode assumir essa posição retrógrada. Já temos terras suficientes para triplicar a nossa atual produção agrícola, não temos que avançar nas florestas", criticou o ator, que também defende o veto total da proposta. "Temos que ter um Código Florestal equilibrado, feito com base em estudos científicos, não fruto de pressões e articulação política."

A coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Maria Luisa Ribeiro, comemorou não apenas o grande número de pessoas, mas o nível de engajamento do público. "No ano passado, já havíamos feito uma manifestação contra o Código Florestal, mas o público não conhecia muito bem. Mas nesse ano, foi diferente. Pessoas comuns, muito por causa da internet e do apoio de celebridades, se inteiraram do tema e expressaram sua vontade", disse ela.

Celebridades como a modelo Gisele Bündchen, os atores Marcos Palmeira e Cristiane Torloni, além de ícones da música, como Gilberto Gil, Nando Reis e a banda Ultraje a Rigor, expressaram publicamente seu descontentamento com o texto do Código e pediram o veto. "A votação foi muito apressada, sem discussão. Se os deputados tivessem esperado, poderia ter havido um resultado diferente", disse Maria Luisa. "Eles contaram com a falta de informação das pessoas para aprovar o projeto, mas com a internet e as redes sociais, conseguimos impedir isso."

Analistas indicaram que a presidente deve vetar parcialmente o novo texto, mas a Fundação SOS Mata Atlântica defende, segundo Maria Luisa, o veto total. "O acordo político não foi feito com a sociedade. O Código vai ficar uma colcha de retalhos que não protege nem o pé, nem a cabeça." Para ela, o texto incentiva um modelo de agricultura "retrógrado", dos anos 1970.

Para a coordenadora, o ponto mais grave do novo texto é a anistia a desmatadores. "Essa medida desacredita a instituição e gera insegurança jurídica", disse ela. Além disso, segundo Maria Luisa, a diminuição das Áreas de Proteção Permanente (APPs) vai reduzir a fertilidade da terra e pôr em perigo a vida de pessoas que moram em áreas de risco. "Essa discussão não é só da Amazônia. É sobre o uso da terra, do solo, da legislação ambiental como um todo."