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Ministério Público denuncia Cachoeira e diretores das Delta à Justiça

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O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou à Justiça o bicheiro Carlinhos Cachoeira e mais sete pessoas por formação de quadrilha e tráfico de influência. Entre os acusados, estão o ex-diretor da Delta, Cláudio Abreu, e o diretor Heraldo Puccini Neto.

A denúncia foi protocolada quarta-feira na 5ª Vara Criminal de Brasília. A quadrilha do contraventor é acusada de tentar fraudar a licitação para o sistema de bilhetagem eletrônica do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans). Segundo o Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (NCOC) do MP, Cachoeira tentou forçar uma dispensa de licitação para que uma empresa da Coreia do Sul controlasse o transporte.

O MPDFT também denunciou o contador da quadrilha, Giovani Pereira da Silva, e Gleyb Ferreira da Cunha, braço direito do contraventor, segundo os investigadores. Completam a lista dos denunciados o vereador de Anápolis Wesley Clayton da Silva e dois lobistas, Dagmar Alves Duarte e Valdir dos Reis.

Agnelo afasta diretor da DFTrans

O diretor administrativo-financeiro da DFTrans, Milton Martins de Lima Junior, foi afastado "preventivamente" do cargo por 60 dias em 7 de maio. A decisão, assinada pelo governador Agnelo Queiroz (PT), foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal.

Carlinhos Cachoeira 

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.