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Deputados da CPMI querem impedir venda da construtora Delta

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Foco de investigação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, a construtora Delta pode ter sua venda paralisada nos próximos dias. O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) apresentou – e a Procuradoria-Geral da República endossou – o requerimento para que o Ministério Público de Goiás impeça a venda da Delta para a J&F Participações, holding que controla diversas empresas.

Miro disse que a venda poderá dificultar a recuperação de recursos públicos desviados pelo esquema de corrupção chefiado pelo empresário Carlos Cachoeira. “Ainda há inquéritos em aberto, e não sabemos onde isso pode chegar. É melhor que a Delta responda pelos desvios”, defendeu.

Já o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), afirmou que a venda é um negócio privado, que foge ao escopo da CPMI. “Quem comprar a empresa vai ter de responder por esse passivo, não podemos deixar que a operação esconda provas”, disse.

Para o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), a venda da Delta pode ser uma forma de ocultar pistas. “Nem sequer houve a quebra de sigilo da Delta, pela CPMI ou pela polícia. Ainda não sabemos até onde alcança a corrupção”, disse.

Depósitos suspeitos

No depoimento desta quinta-feira (10) na CPMI, o delegado da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlo, disse que encontrou depósitos da Delta para as empresas de fachada que lavavam o dinheiro obtido pela organização de Carlos Cachoeira.

Para Odair Cunha, não há dúvidas quanto ao envolvimento do braço goiano da empresa com o esquema de Cachoeira. Cunha disse que ficou claro, por exemplo, o envolvimento do ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu com o esquema.

Convocação 

O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), apresentou requerimento na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para convocar o atual presidente da Delta, Carlos Alberto Verdini; um dos controladores da holding J&F, Henrique Meirelles (ex-presidente do Banco Central no Governo Lula); e o atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para que eles deem esclarecimentos sobre a possível transação.

O grupo J&F controla a JBS/Friboi, que, de acordo com Rubens Bueno, fez um empréstimo de R$ 10 bilhões junto ao BNDES, dinheiro que pode estar sendo usado na compra da Delta. “A Delta está sub judice, e essa compra pode apagar as digitais dos crimes que possam ter acontecido na empresa, inclusive caixa dois”, destacou.

O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) afirmou que o presidente do BNDES deve ser convocado para dar explicações, já que cerca de 31% do capital da holding J&F é de propriedade do banco.