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Integrantes da CPI do Cachoeira pedem esclarecimentos de Procuradoria-Geral

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Diversos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira afirmaram nesta terça-feira (8), após a primeira sessão de depoimento do colegiado, que aumentou a necessidade de a Procuradoria-Geral da República explicar os motivos que a levaram a paralisar o inquérito da Operação Vegas, que investigou o contraventor Carlos Cachoeira entre 2007 e 2009 e apontou sua ligação com agentes públicos e privados.

Em depoimento de mais de sete horas feito a portas fechadas, o delegado responsável pela operação, Raul Alexandre Marques de Souza, teria “oficializado” o envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e dos deputados Sandes Junior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) com a organização de Carlos Cachoeira, segundo declaração do senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP).

Randolfe mudou de opinião sobre a necessidade de a CPMI cobrar explicações da PGR. No início do depoimento, o senador disse que convocar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, seria “abrir o cofre aos bandidos”, pois daria indícios da apuração criminal contra os investigados da Polícia Federal que vão depor na CPMI.

Após algumas horas de depoimento, o senador disse que a comissão precisa de explicações da subprocuradora da República Cláudia Sampaio, que recebeu os documentos da Polícia Federal, mas não arquivou nem encaminhou a investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF). Randolfe lembrou que havia parlamentares citados, que têm foro privilegiado e deveriam ter sido investigados pelo STF. Cláudia Sampaio é esposa de Roberto Gurgel.

"O delegado não afirma, mas ficou no ar: o procurador-geral não sabia? Se sabia, por que nada fez?", questionou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). "Talvez seja o caso de chamá-la a depor na CPI, vamos avaliar."

Para o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), "pareceu ser esse o recado do delegado, embora ele não tenha sido explícito".

Novas convocações

Questionado sobre o assunto, o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), foi cauteloso. “O tema merece nossa reflexão, mas a necessidade de novas convocações deverá ser tratada na próxima reunião administrativa da comissão, marcada para o dia 17 de maio”, disse.

Na semana passada, o procurador-geral foi convidado a depor na CPMI, mas recusou o convite, alegando que um depoimento seu poderia torná-lo impedido de atuar nos inquéritos que tratam do caso. Em nota, disse que os documentos da Operação Vegas, recebidos em 2009, eram insuficientes e que só acionou o STF ao receber o material da Operação Monte Carlo, em março deste ano.

Demora

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) afirmou que “não há nenhuma justificativa para essa demora de três anos” para abrir um inquérito. E cobrou explicações de Gurgel: “Ele vai ter de se explicar. Esse depoimento resulta na conclusão de que Gurgel deve depor na CPI”.

Outro deputado da base governista que foi incisivo na cobrança de explicações pela Procuradoria-Geral da República foi Cândido Vaccarezza (PT-SP). “[A omissão] é um fato grave, porque essa quadrilha poderia ter sido desbaratada em 2009 e 2010. Foi preciso uma outra operação [Monte Carlo], com os mesmos nomes, para que tomássemos conhecimento dos crimes”, declarou.