Durante a votação do plano de trabalho da CPI do Cachoeira, nesta quarta-feira (2), vários parlamentares criticaram um trecho que, em seus pontos de vista, restringia a investigação às atividades da Delta Construtora na região Centro-Oeste. Os deputados e senadores que pediram a mudança na proposta do relator, Odair Cunha (PT-MG), ressaltaram a abrangência nacional das atividades da Delta.
O plano de trabalho da comissão, aprovado por ampla maioria, concentra-se inicialmente na atuação do ex-diretor regional da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. O pedido para convocação do dono e presidente licenciado da empresa, Fernando Cavendish, não foi incluído no relatório.
O senador Pedro Taques (PDT-MT) defendeu a convocação imediata de Cavendish para esclarecer a acusação de que Cachoeira seria sócio oculto da Delta e também eventuais relações da empresa com os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).
– Não podemos circunscrever a investigação da CPI ao Centro-Oeste. Existem 20 estados da federação. Já existem ligações com Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Ceará, Pará e outros estados. Nós estaremos fazendo uma CPI de brincadeirinha – disse.
Entre os críticos da redação do relatório, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) sublinhou a forte atuação da Delta no Rio de Janeiro, onde os contratos da empresa superam R$ 1 bilhão. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) considerou “ridículo” investigar somente a Delta do Centro-Oeste, e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) comentou que a menção ao Centro-Oeste poderia ser interpretada pela opinião pública como uma restrição deliberada.
Apesar dos protestos, o deputado Odair Cunha não acatou os requerimentos de retirada da menção ao Centro-Oeste, argumentando que se trata apenas de um “ponto de partida”. Ele garantiu que as investigações não se limitarão às conexões de Carlinhos Cachoeira na região. Em sua opinião, o texto não impõe qualquer limitação geográfica aos trabalhos, pois foi usada a palavra “inclusive” na referência às atividades da Delta no Centro-Oeste.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) também se manifestaram contra o texto do relator e considerarem que mais diretores da Delta deveriam ser ouvidos logo na primeira fase das investigações.
Foram aprovados pela CPI os requerimentos que solicitam a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da Delta Construções e de Carlinhos Cachoeira, decisão que deverá ser estendida às empresas vinculadas ao CPF de Cachoeira, assim que os dados forem levantados.
Acusados de integrarem a organização de Cachoeira, também terão os sigilos quebrados Gleyb Ferreira da Cruz e Idalberto Matias de Araujo, o Dadá. Todos serão ouvidos pela CPI, conforme o cronograma aprovado.