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Cachoeira é um "leão enjaulado prestes a explodir", diz mulher de contraventor

PF teria mudado rumos das investigações após a descoberta do elo entre bicheiro e órgãos públicos

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O contraventor goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso desde o dia 29 de fevereiro, estaria "prestes a explodir" e "sente-se como um leão enjaulado" no presídio de Papuda, em Brasília. Foi o que sua mulher, Andressa Mendonça, 30 anos, revelou em entrevista à Revista Veja, que chegou às bancas neste sábado.

A afirmação veio seguida da seguinte explicação: "Carlinhos não é qualquer preso. É Carlinhos Cachoeira. Quando ele fala em explodir, a gente pode imaginar o que seja", disse, sem querer aprofundar o assunto.  

Para Andressa, Cachoeira não passa de um bode expiatório da Operação Monte Carlo. Para a Polícia Federal, no entanto, o goiano é considerado o líder de um esquema de jogos ilegais em Goiás e no Distrito Federal envolvendo políticos e diversos empresários país afora. Cachoeira aproveitou-se, segundo a PF, da influência de seu amigo pessoal, senador Demóstenes Torres, para obter diversas vantagens e informações privilegiadas. 

Para ela, o marido se considera um preso político, e não estaria em liberdade apenas 'por causa das ligações dele com um senador da República que vieram à tona'.  A mulher do contraventor acusou ainda a Polícia Federal de ter mudado os rumos das investigações depois que as relações de cachoeira com órgãos públicos foram sendo descobertas. 

Questionada se Cachoeira pensou em fazer acordo da delação premiada, Andressa disparou: "Sim (ele pensou em fazer acordo de delação premiada), mas eu fui contra. Disse a ele para não fazer. Eu quero ter uma vida de paz e de tranquilidade com ele".

Prejuízo ao PT

Questionada se o marido poderá detalhar o esquema de corrupção e delatar os nomes de mais políticos e empresários envolvidos, Andressa afirmou que 'tem certeza de que ele não vai perseguir ninguém nem fazer mal' a nenhuma pessoa. Para ela, ele não pretende atacar o Partido dos Trabalhadores, mas admite que a 'explosão' poderia ocorrer durante um ataque de fúria. 

Demóstenes recebeu R$ 3 milhões

O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) teria recebido R$ 3,1 milhões da quadrilha de Carlinhos Cachoeira, principal alvo da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. As escutas que denunciam o pagamento foram veiculadas na noite desta sexta-feira (27/04), no "Jornal Nacional". 

"Porque eu tô devendo para ele R$ 1,086 milhão. E, na verdade, eu só tenho os R$ 86 mil", diz Geovani, na gravação. Ele é um dos integrantes da quadrilha de Carlinhos Cachoeira, que lhe responde: "Esse R$ 1 milhão é do Demóstenes, uai". 

Em outro momento, o contraventor detalha os pagamentos ao senador:

"A conta é fácil. Você deu R$ 1,5 milhão mais R$ 600 mil (para Demóstenes). Depois, segurou mais R$ 1 milhão para mim. Dá R$ 3,1 milhão. Então não tem outra conta", diz Cachoeira e Cláudio Abreu, um dos seus associados.