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Dilma diz que greve de PMs na Bahia instaura pânico na população

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A presidente da República, Dilma Rousseff, condenou nesta quinta-feira a forma como os policiais militares reivindicam melhores salários há dez dias. Dilma disse que não é correto instaurar o "pânico e o medo" na população".

"Nós não consideramos que seja correto instaurar o pânico, instaurar o medo, criar situações que não são aquelas compatíveis com a democracia. Numa democracia, sempre tem de se considerar legítimas as reivindicações. Mas há formas de reivindicar. Eu não considero que aumento de homicídio, queimar ônibus, entrar encapuzado em ônibus, seja uma forma de reivindicar", disse a presidente em Parnamirim (PE), onde foi visitar obras da Transnordestina.

Dilma disse ter ficado "estarrecida" ao ouvir áudios divulgados pelo Jornal Nacional ontem. As conversas, atribuídas a policiais, mostram articulações de vandalismo na Bahia e tentativas de prejudicar o Carnaval em outros Estados. "Isso não é correto", disse a presidente, que também condenou uma eventual anistia aos policiais que cometeram crimes.

"Vai chegar um momento em que vão anistiar antes do processo grevista começar. Eu não concordo com isso. Por reivindicações, as pessoas não podem ser presas, nem condenadas. Agora, por atos ilícitos, por crimes contra a pessoa e a ordem pública, não podem ser anistiadas", afirmou.

A greve

A greve dos policiais militares da Bahia teve início na noite de 31 de janeiro, quando os grevistas acamparam em frente à Assembleia Legislativa em Salvador e posteriormente ocuparam o prédio. Cerca de 10 mil PMs, de um contingente de 32 mil homens, aderiram ao movimento. A paralisação provocou uma onda de violência na capital e região metropolitana, dobrando o número de homicídios em comparação ao mesmo período do ano passado. Além de provocar o cancelamento de shows e eventos, a ausência de policiamento nas ruas também motivou saques e arrombamentos. Centenas de carros foram roubados e dezenas de lojas destruídas.

A paralisação busca reivindicar a criação de um plano de carreira para a categoria, além do pagamento da Unidade Real de Valor (URV), adicionais de periculosidade e insalubridade, gratificação de atividade policial incorporada ao soldo, anistia, revisão do valor do auxílio-alimentação e melhores condições de trabalho, entre outros pontos.

O Executivo estadual solicitou o apoio do governo federal para reforçar a segurança. Cerca de 3 mil homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança foram enviados a Salvador. Dois dias após a paralisação, a Justiça baiana concedeu uma liminar decretando a ilegalidade da greve e determinando que a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) suspenda o movimento. Doze mandados de prisão contra líderes grevistas foram expedidos, sendo que destes quatro foram cumpridos.

Em 9 de fevereiro, Marco Prisco, um dos líderes do movimento grevista, foi preso após a desocupação do prédio da Assembleia. A decisão ocorreu um dia depois da divulgação de gravações telefônicas que mostravam chefes dos PMs planejando ações de vandalismo na capital baiana. Um dos trechos mostrava Prisco ordenando a um homem que ele bloqueasse uma rodovia federal.