Quem for votar nas eleições de 2014, além de escolher seus representantes, pode ter que opinar sobre a tão falada reforma política brasileira. Isto porque o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ) propõe um plebiscito para o eleitorado manifestar-se sobre qual sistema eleitoral prefere, e opinar sobre o financiamento público de campanhas. A consulta, segundo seu proponente, visa tranquilizar a população, que enxerga, “com desconfiança”, uma reforma elaborada pelos próprios políticos. A proposta de Miro vem sendo bem aceita pelos parlamentares de partidos diversos em Brasília.
A ideia do renomado parlamentar fluminense até encontra alguma resistência dentro do PT, mas também já recebeu o apoio de membros do partido da presidente Dilma Rousseff. Porém, o maior aliado de Miro, até o momento, é o vice-presidente Michel Temer, que prometeu apoiar a ideia e trabalhar junto a bancada do PMDB para aprovar o plebiscito.
Um dos políticos mais antigos e prestigiados do país, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que participou da Assembleia Constituinte de 1988, afirma ver “com simpatia” a proposta de Miro Teixeira.
“O Miro está corretíssimo em relação a desconfiança do eleitorado. As ideias propostas pelos parlamentares até o momento não melhoram em nada o sistema eleitoral. Pelo contrário”, analisa o senador gaúcho.
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Pedro Simon, no entanto, admite ser "muito complicado" realizar o plebiscito, e contribui com sua experiência, sugerindo cautela:
“Realizar um plebiscito deste no Brasil é muito complicado”, avalia. “É muito importante que as perguntas sejam feitas de forma clara, e não tendenciosa. Deve haver muito cuidado, pois as questões a serem respondidas seriam elaboradas no Congresso, por Sarney e Cia, o que me preocupa”.
Diferentemente de Pedro Simon, Miro não vê complicações em se realizar o plebiscito daqui a dois anos. "É preciso que haja debate para que o povo entenda perfeitamente esta questão. Nos Estados Unidos e na Europa é muito comum a realização de plebiscitos. No Brasil não pode ser diferente. Trata-se de uma forma de se fazer a democracia".
Segundo o deputado, o decreto legislativo idealizado por ele propunha o plebiscito sobre a reforma do sistema eleitoral já neste ano. No entanto, seu principal aliado, o vice-presidente Michel Temer, crê que a questão deve esperar mais um pouco. Seria uma maneira de garantir a ampla discussão do assunto.