ASSINE
search button

MP-SP considera desastrosa ação na cracolândia; inquérito é aberto

Compartilhar

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu nesta terça-feira um inquérito civil para investigar a ação dos governos estadual e municipal de São Paulo na região do bairro da Luz conhecida como Cracolândia. Segundo o órgão, a ação do poder público no lugar "boicotou" as ações de assistência social que eram realizadas junto aos viciados em drogas.

Tecendo duras críticas à operação que colocou cerca de uma centena de policiais militares no lugar em que havia livre consumo de drogas, o 2° promotor de Justiça e Direitos Humanos, Eduardo Valerio, disse que a estratégia de "dor e sofrimento" que os governos de Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD) promoveram desde o dia 3 de janeiro na chamada "Operação Centro Legal" está em desacordo com o defendido pelo MP-SP. Os resultados da operação, que apreendeu pouco mais de 400 g de droga, foram considerados "pífios".

"Estas promotorias não concordam com estas ações. Devemos buscar a 'articulação e o respeito', não 'dor e sofrimento'. Tráfico de drogas é questão de polícia, dependência química não", disse Valerio. Na portaria publicada, o MP convoca para reunião de trabalho na manhã do dia 13 de janeiro os comandantes geral da PM e o do Centro e a vice-prefeita Alda Marco Antonio, entre outros representantes da prefeitura e do governo estadual. De acordo com o MP-SP, não está descartado o embargo da operação caso sejam comprovados casos de truculência na abordagem de moradores de rua viciados no crack.

Derrota

O MP-SP considerou precipitada a ocupação policial do perímetro das avenidas Duque de Caxias, Ipiranga, Rio Branco, Cásper Líbero e a rua Mauá. De acordo com os promotores, a prefeitura não possui uma estrutura capaz de acolher os usuários de crack que eventualmente quiserem sair das ruas. O problema dos usuários foi "espalhado pela cidade", de acordo com os promotores.

O 5° promotor de Justiça de Habitação e Urbanismo, Mauricio Ribeiro Lopes, usou uma metáfora futebolística para descrever o que foi feito pela PM. "Entraram em campo sem os 11 jogadores e agora estamos perdendo de 10 a 0", disse Lopes.